São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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Israel volta a descartar trégua

Chanceler diz não querer "legitimar" o Hamas; sob fogo, grupo indica que aceitará mediação egípcia

EUA vetam resolução árabe que pedia fim imediato dos ataques; países europeus intensificam esforços por cessar-fogo na faixa de Gaza

DA REDAÇÃO

O governo israelense voltou ontem a descartar suspender os ataques contra a faixa de Gaza, numa posição que segue apoiada pelos EUA, mas contraria crescentes apelos internacionais por um cessar-fogo.
"Seguimos determinados em nossa intenção de afligir o Hamas e não temos intenção de legitimá-lo. Não temos nada a discutir com eles", reiterou ontem a chanceler Tzipi Livni a um emissário da Rússia que visava mediar a retomada do diálogo de Israel com o grupo.
A declaração da ministra ecoou outra feita horas antes pelo premiê israelense, Ehud Olmert. "Não devemos aceitar a ideia de um cessar-fogo enquanto o Hamas continua disparando [foguetes]. Não faz o menor sentido", disse Olmert.
O premiê destacou que Israel não pretende reocupar a faixa de Gaza, de onde retirou suas tropas e colonos há três anos, e destacou que o objetivo da ofensiva é "derrotar o terror".
"O Hamas começa a sentir o peso de seus erros", afirmou.

Hamas
Pressionado pela ofensiva israelense, o Hamas indicou ontem no fim da noite que poderá aceitar a mediação oferecida pelo Egito. Um dirigente do grupo na faixa de Gaza, Ayman Taha, disse à agência Reuters que uma delegação será enviada hoje ao Cairo para discussões, "em resposta a um convite egípcio".
Em novembro, o grupo islâmico abandonou negociações, também mediadas pelo Egito, que visavam a reconciliação com os rivais do Fatah. O rompimento entre as duas principais forças políticas palestinas ocorreu em 2007, quando o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou o Fatah de Gaza.
Ontem, os planos israelenses de continuar a ofensiva foram avalizados pelos EUA, que vetaram uma proposta de resolução apresentada ao Conselho de Segurança da ONU na noite de sábado pelos países árabes pedindo uma trégua imediata.
O texto foi formalmente proposto pela Líbia, que ocupa uma das dez cadeiras rotativas do Conselho. Mas os EUA, um dos cinco membros permanentes do órgão supremo da ONU, usaram o direito de veto.
"A autodefesa de Israel não é negociável", disse o representante americano na ONU.
A rejeição da resolução, que tinha o apoio informal do secretário-geral Ban ki-Moon, foi lamentada pela França, que intensifica seus próprios esforços por um cessar-fogo.
O presidente Nicolas Sarkozy inicia hoje um giro que o levará às principais capitais do Oriente Médio. Um dos pontos centrais da turnê será a visita a Damasco, onde pedirá ao presidente Bashar Assad que convença o aliado Hamas a aceitar uma trégua. O chanceler francês, Bernard Kouchner, disse ontem no Cairo que a "situação humanitária em Gaza não pode ser suportada."
A tentativa de mediação francesa ocorre em meio a uma série de outras iniciativas, que pedem, com nuances importantes (ver quadro ao lado), um cessar-fogo e o envio de monitores internacionais à região.
No Ocidente, os esforços franceses rivalizam principalmente com os da União Europeia (UE), que enviou ao Oriente Médio, além de representantes da Presidência tcheca do bloco, Javier Solana, chefe da política externa da UE.
Mas a missão é enfraquecida pela falta de consenso no bloco. Enquanto a Comissão Europeia e países como Espanha pressionam por um cessar-fogo com ênfase na necessidade de aliviar o drama humanitário dos palestinos, Itália e Alemanha manifestaram apoio implícito aos ataques israelenses.
No mundo islâmico, Egito e Turquia tentam atuar diretamente com o Hamas. O Irã pediu aos países muçulmanos que cortem o petróleo para Israel.

Com agências internacionais



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