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Colombiano sobe tom e acusa Chávez de "genocídio"
Presidente usa linguagem da "guerra ao terror" americana, mas não detalha acusação que será feita ao Tribunal Penal Internacional
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
O presidente da Colômbia,
Álvaro Uribe, afirmou ontem
que vai denunciar o dirigente
venezuelano, Hugo Chávez, ao
Tribunal Penal Internacional
(TPI) por financiamento e patrocínio de genocídio diante do
suposto envio de US$ 300 milhões às Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia).
A medida também serve de
reação às críticas de presidentes sul-americanos à operação
militar no Equador que resultou na morte do número 2 das
Farc, Raúl Reyes. "Não precisamos simplesmente que nos
dêem tapinhas nos ombros para expressar os pêsames por
nossos mortos enquanto estão
dando refúgio aos inimigos da
Colômbia", disse Uribe.
A base para a denúncia à corte, que julga indivíduos acusados de crimes contra a humanidade, serão os dados obtidos
em um laptop encontrado no
acampamento onde morreu
Reyes. Segundo o governo colombiano, um e-mail enviado
pelo dirigente das Farc Iván
Marquez a Reyes no dia 14 de
março relata supostas negociações com Chávez para entrega
do dinheiro. O presidente venezuelano seria a pessoa tratada
por "Ángel" no e-mail.
A ofensiva de Uribe também
atingiu o presidente do Equador, Rafael Correa. No início da
noite, o porta-voz presidencial
leu uma nota acusando o Equador de violar resoluções da
ONU por "abrigar terroristas".
Ele não mencionou que resoluções seriam, mas provavelmente se referia às decisões que legitimaram a invasão americana
do Afeganistão, acusado de dar
abrigo a Osama bin Laden.
Segundo o porta-voz, os documentos apreendidos com
Raúl Reyes serviram para iniciar "importantes processos judiciais". De acordo com a Colômbia, esses documentos serão também submetidos a uma
análise técnica de organismos
internacionais.
A chancelaria de Uribe não se
pronunciou sobre a denúncia
ao TPI. Procurada pela Folha,
informou que o assunto estava
na seara presidencial. A assessoria de Uribe disse que não
dispunha de nenhum detalhe
sobre a denúncia ao TPI.
O chanceler venezuelano,
Nicolás Maduro, disse que a
ameaça de Uribe é "risível" e
acusou-o de produzir uma "fábrica de mentiras" e de montar
uma operação diversionista.
Tom semelhante foi utilizado
pelo presidente do Equador,
Rafael Correa. "Primeiro bombardeiam e depois encontram
as informações que justificam
o bombardeio", disse.
A população e a imprensa colombianas, no entanto, disparam seus torpedos contra Chávez. Ontem pela manhã, programas de entrevistas nas rádios e TVs de Bogotá recebiam
ligações de ouvintes criticando
a eventualidade de uma guerra
contra a Venezuela. "Armar
uma guerra por causa da morte
de um terrorista é um absurdo", resumiu David Ochoa, 26.
Segundo taxistas, havia um
número maior de carros de polícia nas ruas de Bogotá ontem.
Por duas vezes -cortejo fúnebre e pneu furado- a reportagem testemunhou policiais
nervosos diante de carros parados no meio da rua.
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