São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Uribe sabia de papel de Reyes, diz França

Segundo Chancelaria francesa, Colômbia conhecia negociações internacionais com guerrilheiro para soltura de reféns

Declaração da França subsidia denúncia, feita por Correa, de que ataque no Equador frustrou trato para soltar 11 seqüestrados

DA REDAÇÃO

A Chancelaria da França declarou ontem que a Colômbia sabia que Paris mantinha contatos com Raúl Reyes, o segundo homem no comando das Farc, a fim de negociar a libertação de reféns mantidos pela guerrilha. Reyes foi um dos guerrilheiros mortos pelas Forças Armadas da Colômbia em incursão no território equatoriano no último sábado.
O chanceler da França, Bernard Kouchner, já havia lamentado anteontem a morte de Reyes, afirmando que ele era um dos contatos da diplomacia francesa com a guerrilha e que a ação colombiana dificultaria as tratativas para a eventual soltura de reféns.
"Tínhamos contatos com Raúl Reyes e os colombianos sabiam", disse ontem Pascale Andréani, porta-voz da Chancelaria da França. Embora tenha reiterado que a França considera as Farc um grupo terrorista, Andréani acrescentou que tais contatos integravam os esforços desempenhados não só por seu país, mas por Suíça e Espanha, na facilitação da troca de reféns das Farc por membros presos da guerrilha.
À agência de notícias France Presse, fontes diplomáticas da Espanha confirmaram que Raúl Reyes era o interlocutor com quem os três países europeus estavam conversando. Mas, segundo as mesmas fontes, não identificadas, o último contato se deu em junho de 2007, pois Bogotá "interrompeu o processo".
Para retomar posteriormente esse processo de negociações, o próprio presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi à Europa em janeiro último a fim de pedir o envolvimento novamente de Espanha e Suíça, além da França, na tentativa da troca de reféns por prisioneiros. Sua intenção à época era esvaziar o papel de seu colega venezuelano, Hugo Chávez, nas negociações com a guerrilha.

Esforço frustrado
A declaração de Paris vai ao encontro de denúncia feita anteontem pelo presidente do Equador, Rafael Correa, em rede nacional de rádio e TV. Correa disse que a ação militar colombiana frustrou conversas em andamento para a libertação de 11 reféns das Farc, entre os quais Ingrid Betancourt, cidadã franco-colombiana cuja tentativa de liberação está na pauta do governo francês, do presidente Nicolas Sarkozy.
Em comunicado divulgado ontem, o comando das Farc afirma que Reyes estava negociando uma reunião com Sarkozy para tratar da soltura de reféns, entre os quais Betancourt. O presidente da França declarou na semana passada estar disposto a ir à fronteira entre Colômbia e Venezuela, se necessário, para libertar Betancourt -intenção essa que, segundo declaração ontem do Palácio do Eliseu, ainda está de pé.


Com agências internacionais


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