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Correa exige retratação de "canalha"
Ernesto Benavides/France Presse
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Alan García (esq.) reiterou em Lima seu apoio ao colega Correa |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Equador,
Rafael Correa, disse ontem,
em Brasília, que o país foi
agredido por um "governo
canalha" e impôs três condições para retomar o diálogo
com a Colômbia. Ele se encontra hoje com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Correa impôs três condições para retomar o diálogo:
um pedido de desculpas da
Colômbia sem atenuantes,
garantias consistentes de
que ataques em território
equatoriano não voltarão a
acontecer e que os colombianos reconheçam que as informações que dizem ter pego de computadores recuperados das Farc são fruto de
uma montagem. "Minha pátria foi agredida por um governo canalha", disse.
Questionado sobre os riscos de uma guerra, Correa
disse: "Qual o conceito de
guerra se isso não é uma
agressão bélica, o que é?" E
completou: "Já estamos em
um tempo bélico".
Antes, no Peru, onde se
reuniu com o presidente
Alan García, Correa havia dito que a ação militar da Colômbia é parte de um plano
que visa derrubar seu governo e colocar em seu lugar um
"títere que sirva aos propósitos do Plano Colômbia" -o
plano de auxílio financeiro
dos EUA à Colômbia para
combate ao narcotráfico.
Assim que chegou ao poder, no ano passado, Correa
anunciou que não renovará a
concessão de Manta, única
base militar dos EUA em território sul-americano. A concessão vence em 2009.
"[A operação militar colombiana] foi um atentado à
nossa soberania, totalmente
planejado, do modo mais cínico", disse Correa antes de
ser recebido por García. "Os
porta-vozes colombianos (...)
disseram que o governo
equatoriano tinha um pacto
com as Farc, uma infâmia
que me levou a romper relações com a Colômbia."
Na noite de anteontem,
após anunciar rompimento
com Colômbia, Rafael Correa falou em cadeia nacional
de rádio e TV. O presidente
afirmou que o ataque colombiano havia posto fim a negociações para a libertação,
ainda neste mês, de 11 reféns
das Farc, entre os quais a
franco-colombiana Ingrid
Betancourt. "Todo o contato
[do Equador] com a guerrilha foi por motivos humanitários, junto com a França."
O ministro da Segurança
Interna e Externa de Correa,
Gustavo Larrea, pedia a criação de uma força internacional na fronteira colombiana.
O objetivo seria providenciar
uma vigilância das atividades
das Farc no lado colombiano
da divisa.
FELIPE SELIGMAN, com agências internacionais
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