São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Correa exige retratação de "canalha"

Ernesto Benavides/France Presse
Alan García (esq.) reiterou em Lima seu apoio ao colega Correa


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse ontem, em Brasília, que o país foi agredido por um "governo canalha" e impôs três condições para retomar o diálogo com a Colômbia. Ele se encontra hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Correa impôs três condições para retomar o diálogo: um pedido de desculpas da Colômbia sem atenuantes, garantias consistentes de que ataques em território equatoriano não voltarão a acontecer e que os colombianos reconheçam que as informações que dizem ter pego de computadores recuperados das Farc são fruto de uma montagem. "Minha pátria foi agredida por um governo canalha", disse.
Questionado sobre os riscos de uma guerra, Correa disse: "Qual o conceito de guerra se isso não é uma agressão bélica, o que é?" E completou: "Já estamos em um tempo bélico".
Antes, no Peru, onde se reuniu com o presidente Alan García, Correa havia dito que a ação militar da Colômbia é parte de um plano que visa derrubar seu governo e colocar em seu lugar um "títere que sirva aos propósitos do Plano Colômbia" -o plano de auxílio financeiro dos EUA à Colômbia para combate ao narcotráfico.
Assim que chegou ao poder, no ano passado, Correa anunciou que não renovará a concessão de Manta, única base militar dos EUA em território sul-americano. A concessão vence em 2009. "[A operação militar colombiana] foi um atentado à nossa soberania, totalmente planejado, do modo mais cínico", disse Correa antes de ser recebido por García. "Os porta-vozes colombianos (...) disseram que o governo equatoriano tinha um pacto com as Farc, uma infâmia que me levou a romper relações com a Colômbia."
Na noite de anteontem, após anunciar rompimento com Colômbia, Rafael Correa falou em cadeia nacional de rádio e TV. O presidente afirmou que o ataque colombiano havia posto fim a negociações para a libertação, ainda neste mês, de 11 reféns das Farc, entre os quais a franco-colombiana Ingrid Betancourt. "Todo o contato [do Equador] com a guerrilha foi por motivos humanitários, junto com a França."
O ministro da Segurança Interna e Externa de Correa, Gustavo Larrea, pedia a criação de uma força internacional na fronteira colombiana. O objetivo seria providenciar uma vigilância das atividades das Farc no lado colombiano da divisa.


FELIPE SELIGMAN, com agências internacionais


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