São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China freia aumento do gasto com Defesa

Reforço de 7,5% no orçamento militar para 2010 anunciado pelo governo chinês é o menor em ao menos duas décadas

Freio no ritmo é atribuído a aperto fiscal e tentativa de conter desconfiança sobre pretensão militar; Ocidente vê maquiagem nos gastos


DA REDAÇÃO

O governo chinês anunciou ontem o menor aumento orçamentário anual para a Defesa em pelo menos duas décadas: serão US$ 78 bilhões, 7,5% a mais que em 2009, para a modernização das Forças Armadas e a melhora salarial para seus 2,3 milhões de soldados.
O anúncio foi feito na véspera da abertura do ano legislativo chinês, quando são delineadas as principais diretrizes do país para o ano, e deu origem a especulações sobre os motivos para o freio no ritmo do aumento, que desde a década de 1990 chegava aos dois dígitos -no ano passado, foram 15%.
Para especialistas, a decisão reflete a preocupação do governo em conter os gastos, depois de Pequim ter patrocinado um gigantesco pacote de estímulo econômico contra a crise global, e em aplacar as crescentes críticas externas sobre a suposta agressividade chinesa no aumento do seu poderio militar.
Segundo o porta-voz do Congresso Nacional do Povo -Parlamento chinês-, ex-chanceler Li Zhaoxing, o aumento nos gastos militares visa exclusivamente a preservação da soberania e da integridade e reflete "adesão a um padrão pacífico de desenvolvimento" da China.
"[O governo] estabeleceu o gasto militar em um nível razoável para garantir o equilíbrio entre a defesa nacional e o desenvolvimento econômico", disse Li, sem no entanto revelar detalhes sobre os gastos.
Autoridades militares de potências ocidentais, no entanto, questionam o montante tornado público e estimam o orçamento real da Defesa chinesa em duas vezes a cifra oficial.
Em sua defesa, a China reiterou argumento de que seu orçamento militar representa 1,4% do seu PIB, enquanto essa relação alcança os 4% nos EUA e 2% no Reino Unido e na França. Em termos absolutos, o gasto americano -que responde por quase metade do gasto militar mundial- é cerca de dez vezes maior que o de Pequim.
O simbolismo da redução vai na contramão da crescente tensão entre Pequim e Washington. A lista de temas que opõem os países inclui a venda de armas pelos EUA a Taiwan -que a China vê como Província rebelde-, a ida do líder espiritual tibetano no exílio, o dalai-lama, à Casa Branca, críticas sobre a política cambial de Pequim e o programa nuclear iraniano.

"Estado da União"
Para hoje, há expectativa sobre o detalhamento das prioridades do governo chinês para esse ano que fará o premiê chinês, Wen Jiabao, no pronunciamento de abertura do ano legislativo da China -comparado ao Estado da União americano.
Wen deve anunciar reforço na política social, reformas no sistema de permissões para residência fora do local de origem -uma das principais demandas sociais- e medidas de incentivo ao consumo interno.

Com agências internacionais



Texto Anterior: EUA são acusados de provocar defeitos em bebês em Fallujah
Próximo Texto: Republicanos pregam medo para levantar novas doações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.