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China freia aumento do gasto com Defesa
Reforço de 7,5% no orçamento militar para 2010 anunciado pelo governo chinês é o menor em ao menos duas décadas
Freio no ritmo é atribuído a aperto fiscal e tentativa de conter desconfiança sobre pretensão militar; Ocidente vê maquiagem nos gastos
DA REDAÇÃO
O governo chinês anunciou
ontem o menor aumento orçamentário anual para a Defesa
em pelo menos duas décadas:
serão US$ 78 bilhões, 7,5% a
mais que em 2009, para a modernização das Forças Armadas e a melhora salarial para
seus 2,3 milhões de soldados.
O anúncio foi feito na véspera da abertura do ano legislativo chinês, quando são delineadas as principais diretrizes do
país para o ano, e deu origem a
especulações sobre os motivos
para o freio no ritmo do aumento, que desde a década de
1990 chegava aos dois dígitos
-no ano passado, foram 15%.
Para especialistas, a decisão
reflete a preocupação do governo em conter os gastos, depois
de Pequim ter patrocinado um
gigantesco pacote de estímulo
econômico contra a crise global, e em aplacar as crescentes
críticas externas sobre a suposta agressividade chinesa no aumento do seu poderio militar.
Segundo o porta-voz do Congresso Nacional do Povo -Parlamento chinês-, ex-chanceler
Li Zhaoxing, o aumento nos
gastos militares visa exclusivamente a preservação da soberania e da integridade e reflete
"adesão a um padrão pacífico
de desenvolvimento" da China.
"[O governo] estabeleceu o
gasto militar em um nível razoável para garantir o equilíbrio entre a defesa nacional e o
desenvolvimento econômico",
disse Li, sem no entanto revelar
detalhes sobre os gastos.
Autoridades militares de potências ocidentais, no entanto,
questionam o montante tornado público e estimam o orçamento real da Defesa chinesa
em duas vezes a cifra oficial.
Em sua defesa, a China reiterou argumento de que seu orçamento militar representa 1,4%
do seu PIB, enquanto essa relação alcança os 4% nos EUA e
2% no Reino Unido e na França. Em termos absolutos, o gasto americano -que responde
por quase metade do gasto militar mundial- é cerca de dez
vezes maior que o de Pequim.
O simbolismo da redução vai
na contramão da crescente tensão entre Pequim e Washington. A lista de temas que opõem
os países inclui a venda de armas pelos EUA a Taiwan -que
a China vê como Província rebelde-, a ida do líder espiritual
tibetano no exílio, o dalai-lama,
à Casa Branca, críticas sobre a
política cambial de Pequim e o
programa nuclear iraniano.
"Estado da União"
Para hoje, há expectativa sobre o detalhamento das prioridades do governo chinês para
esse ano que fará o premiê chinês, Wen Jiabao, no pronunciamento de abertura do ano legislativo da China -comparado ao
Estado da União americano.
Wen deve anunciar reforço
na política social, reformas no
sistema de permissões para residência fora do local de origem
-uma das principais demandas sociais- e medidas de incentivo ao consumo interno.
Com agências internacionais
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