São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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Ministro egípcio renuncia e acusa saques

Arqueólogo Zahi Hawass, o "Indiana Jones" do Egito, alega não ter conseguido conter ataques a sítios históricos

Ativistas reprovavam sua ligação a Mubarak; novo premiê vai à praça Tahrir em seu 1º dia e fala aos manifestantes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O arqueólogo mais conhecido do Egito, Zahi Hawass, pediu ontem demissão do cargo de ministro de Antiguidades e afirmou que aumentaram os saques a sítios arqueológicos do país desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
Famoso no Ocidente por suas aparições em programas de canais como o Discovery Channel -sempre usando chapéu à moda do personagem Indiana Jones-, Hawass chegou a ganhar um prêmio Emmy por sua participação num documentário da rede CBS sobre o Egito.
Secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades desde 2002, o arqueólogo fora elevado ao cargo de ministro em 31 de janeiro, quando Mubarak promoveu reforma ministerial na tentativa de conter os protestos que acabariam por derrubá-lo.
Alguns ativistas viam Hawass como próximo demais do antigo regime e de seu ministro da Cultura, Farouq Hosni, que ocupou o cargo por 25 anos. Colegas arqueólogos, por sua vez, o acusam de autopromoção excessiva.
Segundo o especialista, mais de 20 sítios de antiguidades em todo o país foram saqueados desde a saída do ditador. A lista inclui um depósito usado pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York num subúrbio do Cairo e antigas tumbas egípcias.
Hawass, que se diz vítima de campanha de altos funcionários do ministério, afirmou não ter mais condições de cuidar do patrimônio histórico do Egito devido à ausência de proteção policial. Ele exortou os jovens ativistas a ajudar na preservação dos sítios arqueológicos.

PREMIÊ NA PRAÇA
O novo primeiro-ministro do Egito, Essam Sharaf, discursou ontem para dezenas de milhares de manifestantes na praça Tahrir, local do Cairo que foi o epicentro da revolta contra a ditadura.
"Estou aqui para ser legitimado por vocês. É a vocês que a legitimidade pertence", disse Sharaf antes de ser carregado nos ombros pelos manifestantes. Ele substituiu Ahmed Shafiq, que havia sido nomeado por Mubarak dias antes de sua queda e renunciou na quinta-feira.
Alguns ativistas, porém, veem a atitude do novo premiê como um gesto populista e pedem mais reformas do que as que a junta militar tem se mostrado disposta a fazer.
Ontem, as Forças Armadas confirmaram que o referendo sobre a reforma constitucional no Egito será realizado em 19 de março. Entre as propostas de mudança está a redução do mandato do presidente de seis para quatro anos, com possibilidade de se reeleger apenas uma vez.
As sugestões de reforma foram divulgadas no sábado pelo comitê jurídico indicado pela junta militar. Elas incluem também a supervisão judicial das próximas eleições presidenciais, que estão previstas para setembro.


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