São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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China aumenta gastos militares em 12,7%

Decisão retoma os dois dígitos de crescimento anual no Orçamento de Defesa, que o país abandonara em 2010

Para Pequim, montante é pequeno em relação ao PIB e será usado apenas para defesa, mas países vizinhos deverão reagir

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A China aumentará em 12,7% os gastos militares neste ano, em decisão que deve provocar reações dos EUA e de países vizinhos com os quais tem disputa territorial.
O Orçamento deste ano deve chegar a US$ 91,5 bilhões, equivalente a cerca de 2% do PIB, segundo Li Zhaoxing, porta-voz do Congresso Nacional do Povo. A reunião anual, com cerca de 3.000 delegados, começa hoje e tem de ratificar o valor.
O percentual é significativamente maior do que o aumento de 7,5% do ano passado, mas se aproxima da média anual de 12,9% registrada desde 1989, segundo uma estimativa do grupo de pesquisa sobre temas militares globalsecurity.org.
A China possui a maior força militar do mundo em contingente, com cerca de 2,25 milhões de soldados.
Apesar dos aumentos expressivos durante mais de duas décadas, o montante chinês fica bastante abaixo do Orçamento militar americano -foram US$ 700 bilhões em 2010.
"O gasto da China com defesa é relativamente pequeno", disse Li. "Todo pedaço da limitada força militar da China será usada para salvaguardar a independência nacional, a soberania e a integridade territorial."
Para os vizinhos, no entanto, o crescente poderio militar chinês -classificado de "modernização" por Pequim- é visto com temor por Taiwan, Japão, Filipinas, Índia, Malásia, Brunei, Coreia do Sul e Vietnã.
Ontem, o chanceler japonês, Seiji Maehara, exortou Pequim a ser mais transparente. "É preciso um olhar de perto para ver se o aumento deve ser considerado uma ação ofensiva ou uma ação defensiva", afirmou.

INCIDENTES
Apenas nos últimos dias, houve três incidentes militares envolvendo a China: na quarta, o Japão deixou caças em alerta depois que aviões militares chineses se aproximaram de ilhotas reclamadas por Pequim, mas controladas por Tóquio.
Ontem, houve mais dois protestos: o Vietnã reclamou contra manobras chinesas nas ilhas Spratly, disputadas pelos dois países. E as Filipinas acusaram patrulhas chinesas de acossar um navio do país, na mesma região.
Em janeiro, a China surpreendeu ao divulgar teste com um "avião invisível" no mesmo dia em que o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, visitava o país.
Os EUA estão preocupados especialmente com o desenvolvimento de um míssil balístico capaz de afundar porta-aviões, essenciais para a sua estratégia no Pacífico.
O aumento do poder militar americano tem levado países da região a se aproximar mais dos EUA. É o caso até do Vietnã, que no ano passado realizou as primeiras manobras navais conjuntas desde o final da guerra entre os dois países.


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