São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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EUA

Afirmação foi feita pelo chefe da investigação independente que busca elucidar as falhas do governo antes dos ataques da Al Qaeda

Bush poderá censurar relatório da comissão do 11/9

DA REDAÇÃO

A Casa Branca poderá vetar "linha por linha" do relatório da comissão independente que está investigando os ataques do 11 de Setembro antes de que o texto final seja publicado.
A informação foi divulgada ontem pelo presidente da comissão, Thomas Kean, republicano que foi governador de Nova Jersey, em entrevista ao programa "Meet the Press", da rede de TV americana NBC.
Kean disse ter ficado surpreso ao saber que a Casa Branca faria uso da lei que permite a revisão -dispositivo legal criado para impedir a inclusão de dados que possam colocar em risco o setor de inteligência do governo. "Eles poderão examinar linha por linha", disse Kean sobre o processo de revisão da Casa Branca.
A comissão deve submeter o relatório sobre as falhas da inteligência americana à Casa Branca em julho. Kean disse estar confiante de que a Casa Branca termine a revisão bem antes das eleições presidenciais de novembro.
O vice-presidente da comissão, o democrata Lee Hamilton, de Indiana, prometeu que não permitirá que a Casa Branca "distorça" o relatório ao vetar alguns de seus trechos. "Não queremos que o relatório tenha muitos cortes."
Desacordos envolvendo a divulgação de informações de inteligência provocaram um atraso de sete meses na divulgação de um outro relatório feito pelo Congresso sobre o 11 de Setembro. Algumas informações -particularmente sobre as que focam a participação dos sauditas nos ataques- permanecem confidenciais. Quinze dos 19 seqüestrados dos aviões utilizados nos atentados eram sauditas.
Kean diz acreditar que desta vez, com a proximidade das eleições, a Casa Branca não se arriscaria em retardar a revisão do texto, o que poderia prejudicar a candidatura de Bush diante da possibilidade de vazamento do relatório às vésperas do pleito.
"Eu acredito que seja do interesse da Casa Branca, do nosso interesse e do interesse de todo o mundo que [o governo] divulgue [o relatório] em julho", disse.

Rice
Em outro ponto polêmico envolvendo a investigação, Kean afirmou que preferiria que o presidente George W. Bush e o vice Dick Cheney comparecessem separadamente à comissão, em vez de juntos, conforme está previsto para ocorrer, segundo acordo entre o governo e os investigadores.
Apesar de a Casa Branca ter insistido na aparição conjunta dos dois, o governo americano fez a concessão à comissão para que Condoleezza Rice, assessora de segurança nacional, compareça esta semana para um testemunho público, algo visto como extremamente importante.
O depoimento de Rice está previsto para ocorrer na quinta-feira e deve durar duas horas e meia.
A assessora de Bush será questionada sobre os motivos das falhas do governo que permitiram que os atentados ocorressem e sobre o que está sendo feito para que esses erros não aconteçam mais.


Com agências internacionais


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