São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Contrariando Casa Branca, Pelosi discute Iraque e Líbano em Damasco

DA REDAÇÃO

A democrata Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, reuniu-se ontem em Damasco com o ditador sírio, Bashar al Assad, para discutir o Oriente Médio. Na pauta, Iraque, Líbano e a perspectiva de conversações de paz entre Síria e Israel.
Segunda na linha de sucessão de George W. Bush, Pelosi é a política americana de mais alto nível a visitar Damasco desde que as relações entre EUA e Síria esfriaram, em 2003.
Sua visita foi criticada por Bush e outros membros do governo, que busca isolar a Síria diplomaticamente. O porta-voz da Casa Branca, Sean McCormack, afirmou que é o Executivo o "responsável por executar a política externa" do país. "Deixamos claro que a visita [de Pelosi] foi inoportuna (...) [As autoridades sírias] usam esse tipo de visita para dar a impressão de que a Síria não tem problemas com seus vizinhos."
A visita é vista como sinal de reengajamento da Síria com os EUA e parece ter elevado o perfil internacional de Assad. Mas não está claro como isso será recebido pelos países da região.
Em entrevista coletiva após a reunião, Pelosi disse ter expressado a Assad "preocupação em torno do apoio dado pela Síria" aos grupos extremistas Hizbollah e Hamas e "interesse em ajudar a promover a paz com Israel". Mas a presidente da Câmara, que embarcou para a Arábia Saudita na tarde de ontem, insistiu que não está contradizendo a política de Bush para o Oriente Médio. Na véspera, Bush dissera que a visita enviava "sinais confusos".
Antes de ir à Síria, Pelosi reuniu-se com o premiê israelense, Ehud Olmert. Ela disse ter transmitido a Assad uma mensagem de Olmert de que Israel busca a paz com a Síria e que o líder sírio reagiu positivamente. Mas um comunicado posterior de Israel afirma que, para que as negociações comecem, a Síria deve "parar de patrocinar grupos terroristas".
Pelosi, muitos outros democratas e alguns republicanos defendem a importância de ampliar o diálogo com a Síria como forma de aumentar a estabilidade no Oriente Médio.
Autoridades sírias apostam na melhora das relações com os democratas, que, prevêem, vão liderar os EUA nos próximos anos, disse Ziad Haider, chefe da sucursal em Damasco do jornal de esquerda "Al Safir". "A abordagem de Pelosi representa uma política mais pragmática; a política do governo nos últimos anos tem se baseado em exigências e ideologia."


Com "The New York Times" e agências internacionais


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