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Pesquisa aponta que americanos não confiam na política externa
Porém crêem entender menos de relações internacionais do que o presidente
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Cresceu consideravelmente,
nos últimos seis meses, o nível
de preocupação dos americanos com os rumos da política
externa dos EUA. É o que diz
um levantamento elaborado
pelo instituto independente de
pesquisa Public Agenda e divulgado ontem.
O índice de confiança na política externa americana chegou
a 137 pontos em março -nele,
zero significa o mais alto grau
de confiança e 200 o mais alto
grau de inquietação. Em setembro do ano passado, o indicador
estava em 130 pontos.
"Para 67% dos entrevistados,
as coisas simplesmente estão
indo na direção errada", afirmou Scott Bittla, vice-presidente da Public Agenda, organização que há dois anos mede
o sentimento da população sobre esse assunto. "E nota-se a
piora mais dramática na confiança quando o tema é Iraque."
Na opinião de 19% das pessoas que participaram da pesquisa, os EUA deveriam retirar
suas tropas do Iraque imediatamente; 51% acham que o melhor é uma retirada gradual nos
próximos 12 meses; 27% defendem que os soldados fiquem no
país até que seja alcançada a estabilidade política; e 3% não sabem responder.
Entretanto 60% dos entrevistados dizem acreditar que os
EUA têm uma obrigação moral
para com o povo iraquiano, enquanto 31% acham que o país
deveria agir somente de acordo
com os seus próprios interesses
e 8% não sabem. "Como o governo americano deveria agir
para atender essas expectativas
aparentemente paradoxais?
Bem, essa é a grande questão",
comentou Bittla.
Segundo o vice-presidente da
Public Agenda, os cidadãos
americanos admitem que não
entendem tão bem de relações
internacionais quanto de problemas domésticos -e por isso
mesmo deixam nas mãos do
Congresso e do presidente as
decisões sobre o que fazer. "Na
expectativa de que eles saibam
o que estão fazendo", explicou.
Cada vez menos, porém, a sociedade parece confiar nas habilidades de George W. Bush.
Crise
Se o índice continuar subindo, no nível de 150 pontos haverá uma verdadeira crise de confiança. "Mas não é possível prever como será o próximo levantamento. Tudo depende dos
acontecimentos no mundo, de
como será resolvida a questão
do Iraque", disse Bittla.
A pesquisa também mostrou
que a maior parte das pessoas
prefere a saída pacífica para os
conflitos.
Quando indagados sobre
qual seria a melhor alternativa
para resolver o impasse com o
Irã -que se recusa a encerrar o
seu programa nuclear-, 44%
apontam o uso da diplomacia;
28%, sanções econômicas; 11%
acham melhor não fazer nada;
3% não sabem; 8% querem
ameaças de ação militar; e 5%
que seja efetivamente empregada a força.
"Portanto, a partir de agora,
vai ficar muito difícil para o governo obter apoio para guerras.
A sociedade está tirando essa
opção da mesa", frisou Bittla.
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