São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Pesquisa aponta que americanos não confiam na política externa

Porém crêem entender menos de relações internacionais do que o presidente

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Cresceu consideravelmente, nos últimos seis meses, o nível de preocupação dos americanos com os rumos da política externa dos EUA. É o que diz um levantamento elaborado pelo instituto independente de pesquisa Public Agenda e divulgado ontem.
O índice de confiança na política externa americana chegou a 137 pontos em março -nele, zero significa o mais alto grau de confiança e 200 o mais alto grau de inquietação. Em setembro do ano passado, o indicador estava em 130 pontos.
"Para 67% dos entrevistados, as coisas simplesmente estão indo na direção errada", afirmou Scott Bittla, vice-presidente da Public Agenda, organização que há dois anos mede o sentimento da população sobre esse assunto. "E nota-se a piora mais dramática na confiança quando o tema é Iraque."
Na opinião de 19% das pessoas que participaram da pesquisa, os EUA deveriam retirar suas tropas do Iraque imediatamente; 51% acham que o melhor é uma retirada gradual nos próximos 12 meses; 27% defendem que os soldados fiquem no país até que seja alcançada a estabilidade política; e 3% não sabem responder.
Entretanto 60% dos entrevistados dizem acreditar que os EUA têm uma obrigação moral para com o povo iraquiano, enquanto 31% acham que o país deveria agir somente de acordo com os seus próprios interesses e 8% não sabem. "Como o governo americano deveria agir para atender essas expectativas aparentemente paradoxais? Bem, essa é a grande questão", comentou Bittla.
Segundo o vice-presidente da Public Agenda, os cidadãos americanos admitem que não entendem tão bem de relações internacionais quanto de problemas domésticos -e por isso mesmo deixam nas mãos do Congresso e do presidente as decisões sobre o que fazer. "Na expectativa de que eles saibam o que estão fazendo", explicou. Cada vez menos, porém, a sociedade parece confiar nas habilidades de George W. Bush.

Crise
Se o índice continuar subindo, no nível de 150 pontos haverá uma verdadeira crise de confiança. "Mas não é possível prever como será o próximo levantamento. Tudo depende dos acontecimentos no mundo, de como será resolvida a questão do Iraque", disse Bittla.
A pesquisa também mostrou que a maior parte das pessoas prefere a saída pacífica para os conflitos.
Quando indagados sobre qual seria a melhor alternativa para resolver o impasse com o Irã -que se recusa a encerrar o seu programa nuclear-, 44% apontam o uso da diplomacia; 28%, sanções econômicas; 11% acham melhor não fazer nada; 3% não sabem; 8% querem ameaças de ação militar; e 5% que seja efetivamente empregada a força.
"Portanto, a partir de agora, vai ficar muito difícil para o governo obter apoio para guerras. A sociedade está tirando essa opção da mesa", frisou Bittla.


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