São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Correa não garante bloco à Petrobras

Em Brasília, presidente do Equador assina com Lula memorando de intenção, mas sem fechar acordo

Maior bloco do país, ITT já foi objeto de memorandos com outros governos; Lula e equatoriano defendem a cooperação no álcool

CLÁUDIA DIANNI
EDUARDO SCOLESE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Apesar de ter assinado ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o memorando de intenção para a Petrobras explorar a maior reserva de petróleo do país, o presidente do Equador, Rafael Correa, não assegurou que a estatal brasileira participará do negócio.
Em entrevista coletiva, Correa disse que prefere conceder à PetroEquador a exploração do bloco ITT, em área amazônica. "Nossa opção preferida é a PetroEquador, mas vamos verificar se ela tem condições. Caso contrário, vamos analisar em qual modalidade vamos abrir uma concorrência internacional e ver o que as empresas oferecem", disse. A PetroEquador tem carência de capital e tecnologia e um histórico de desastres ambientais.
Além da Petrobras, a estatal chilena Enap e a SIPC, subsidiária da estatal de chinesa Sinopec, também estão interessadas na exploração da reserva e assinaram acordos de intenção com o governo do Equador.
Embora não tenha dado garantias à Petrobras, a ausência do ministro das Minas e Energia, Alberto Acosta, da comitiva de seis ministros que acompanhou Correa na visita oficial de ontem ao Brasil revela um ponto favorável à estatal brasileira.
Considerado o ministro mais radical, Acosta é contra a participação da Petrobras, alegando que a empresa tem capital misto, e faz lobby no governo para fechar acordos com empresas totalmente estatais, como a venezuelana PDVSA -que já manifestou interesse pelo ITT, mas não assinou até agora nenhum acordo.

Defesa do álcool
Brasil e Equador também assinaram três acordos para a produção de biocombustíveis no Equador. "Mesmo sendo auto-suficientes e exportadores de petróleo, nossos países estão determinados a impulsionar essa revolução de energia limpa e renovável, geradora de empregos e capaz de preservar nossas florestas", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois, em entrevista, Correa defendeu o programa do álcool e rebateu as críticas que este têm recebido do cubano Fidel Castro e do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Respeito muito todos os critérios usados nas críticas, mas, por outro lado, há outros critérios que dizem que o álcool e os biocombustíveis são muito mais amigáveis ao ambiente", disse o equatoriano.
No encontro com Correa, Lula decidiu ceder para tentar diminuir o déficit do vizinho sul-americano na balança comercial entre os dois países, após reclamação de Quito.
"Tomamos medidas para reduzir o desequilíbrio nos fluxos de comércio entre o Brasil e o Equador. Estamos acelerando a eliminação total de tarifas. E vamos trazer ao Brasil, em julho, missão de exportadores equatorianos para fazer novos negócios e parcerias com a Federação das Indústrias de São Paulo [Fiesp]", discursou Lula no Palácio do Planalto.
Segundo o Itamaraty, o intercâmbio comercial entre os dois países foi de US$ 903,72 milhões em 2006, com superávit brasileiro de US$ 842,94 milhões. Lula anunciou que em 15 dias uma comissão bilateral começará a trabalhar no projeto de integração, por estrada e hidrovias, entre o porto de Manta, no Equador (Pacífico), e Manaus. "O Equador nos permite chegar ao Pacífico", disse.


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