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Correa não garante bloco à Petrobras
Em Brasília, presidente do Equador assina com Lula memorando de intenção, mas sem fechar acordo
Maior bloco do país, ITT já foi objeto de memorandos com outros governos; Lula e equatoriano defendem
a cooperação no álcool
CLÁUDIA DIANNI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Apesar de ter assinado ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o memorando
de intenção para a Petrobras
explorar a maior reserva de petróleo do país, o presidente do
Equador, Rafael Correa, não assegurou que a estatal brasileira
participará do negócio.
Em entrevista coletiva, Correa disse que prefere conceder
à PetroEquador a exploração
do bloco ITT, em área amazônica. "Nossa opção preferida é a
PetroEquador, mas vamos verificar se ela tem condições. Caso contrário, vamos analisar
em qual modalidade vamos
abrir uma concorrência internacional e ver o que as empresas oferecem", disse. A PetroEquador tem carência de capital
e tecnologia e um histórico de
desastres ambientais.
Além da Petrobras, a estatal
chilena Enap e a SIPC, subsidiária da estatal de chinesa Sinopec, também estão interessadas na exploração da reserva
e assinaram acordos de intenção com o governo do Equador.
Embora não tenha dado garantias à Petrobras, a ausência
do ministro das Minas e Energia, Alberto Acosta, da comitiva
de seis ministros que acompanhou Correa na visita oficial de
ontem ao Brasil revela um ponto favorável à estatal brasileira.
Considerado o ministro mais
radical, Acosta é contra a participação da Petrobras, alegando
que a empresa tem capital misto, e faz lobby no governo para
fechar acordos com empresas
totalmente estatais, como a venezuelana PDVSA -que já manifestou interesse pelo ITT,
mas não assinou até agora nenhum acordo.
Defesa do álcool
Brasil e Equador também assinaram três acordos para a
produção de biocombustíveis
no Equador. "Mesmo sendo auto-suficientes e exportadores
de petróleo, nossos países estão
determinados a impulsionar
essa revolução de energia limpa
e renovável, geradora de empregos e capaz de preservar
nossas florestas", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois, em entrevista, Correa defendeu o programa do álcool e rebateu as críticas que
este têm recebido do cubano
Fidel Castro e do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Respeito muito todos os critérios usados nas críticas, mas,
por outro lado, há outros critérios que dizem que o álcool e os
biocombustíveis são muito
mais amigáveis ao ambiente",
disse o equatoriano.
No encontro com Correa,
Lula decidiu ceder para tentar
diminuir o déficit do vizinho
sul-americano na balança comercial entre os dois países,
após reclamação de Quito.
"Tomamos medidas para reduzir o desequilíbrio nos fluxos
de comércio entre o Brasil e o
Equador. Estamos acelerando
a eliminação total de tarifas. E
vamos trazer ao Brasil, em julho, missão de exportadores
equatorianos para fazer novos
negócios e parcerias com a Federação das Indústrias de São
Paulo [Fiesp]", discursou Lula
no Palácio do Planalto.
Segundo o Itamaraty, o intercâmbio comercial entre os dois
países foi de US$ 903,72 milhões em 2006, com superávit
brasileiro de US$ 842,94 milhões. Lula anunciou que em 15
dias uma comissão bilateral começará a trabalhar no projeto
de integração, por estrada e hidrovias, entre o porto de Manta, no Equador (Pacífico), e Manaus. "O Equador nos permite
chegar ao Pacífico", disse.
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