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Longe da liberdade, Ingrid inspira marcha em Bogotá
Centenas vão às ruas pedir soltura de ex-candidata, mas dia não traz avanços
Guerrilha não dá sinais de que receberá avião francês; Uribe mantém negativa a desmilitarizar zona; Chávez promete agir em silêncio
Maurício Dueñas/France Presse
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Manifestação em Bogotá pede a libertação de reféns das Farc
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Em mais um dia sem novidades sobre o paradeiro de Ingrid
Betancourt, colombianos voltaram ontem às ruas de Bogotá
e de outras cidades do país para
exigir a libertação da ex-candidata presidencial e de outros
seqüestrados pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia).
A mobilização contou apenas
com algumas centenas de manifestantes, sem conseguir alcançar o comparecimento de
marchas semelhantes realizadas em fevereiro, contra as
Farc, e no mês passado, contra
os paramilitares. Ex-reféns das
Farc, entre os quais Clara Rojas, ex-companheira de chapa
de Ingrid, participaram do ato.
Presente à marcha, o ex-senador Jorge Gechem, solto pelas Farc em fevereiro, defendeu
um acordo humanitário. "Mais
do que pela liberdade, pela vida
dessas pessoas em cativeiro."
Uma das explicações para o
baixo comparecimento é que a
mobilização, convocada pela
ONG Rede de Iniciativas pela
Paz e Contra a Guerra, teve
pouco apoio dos meios de comunicação, ao contrário da
concorrida marcha de 4 de fevereiro, apoiada pelos principais canais de TV e pelo presidente do país, Álvaro Uribe.
Ontem, a maioria dos cartazes trazia imagens e palavras de
apoio a Ingrid, 46, cujo precário
estado de saúde após mais de
seis anos em cativeiro provocou nesta semana uma atabalhoada operação de resgate por
parte da França.
Em Paris, a Chancelaria voltou a dizer que o presidente Nicolas Sarkozy está disposto a ir
até a selva colombiana para receber Ingrid. Mas as suas gestões para liberar a cidadã franco-colombiana, que incluíram
o envio de um avião médico a
Bogotá, têm provocado críticas
na Colômbia por terem sido feitas sem uma negociação prévia
com as Farc (leia texto abaixo).
Astrid Betancourt, irmã de
Ingrid, disse que a idéia foi enviar o avião "para ver se a iniciativa provocaria uma reação das
Farc". A guerrilha, no entanto,
não deu sinais de que deixará
nem ao menos que a seqüestrada receba tratamento médico.
Em Caracas, o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez afirmou que seguirá tentando a libertação de Betancourt. "Não
descansaremos, não vamos falar do tema em público, preferimos atuar, obrigados pelas circunstâncias."
Chávez também disse que as
tentativas dos governos colombiano e americano para capturar Iván Márquez, um dos sete
secretários das Farc, estavam
prejudicando as negociações.
Ele contou ter recusado o pedido do colega francês Nicolas
Sarkozy para entrar em contato
com o guerrilheiro Iván Márquez. "Não facilitarei a caça a
um homem."
A pedido de Uribe, Chávez
mediou um acordo com as Farc
entre agosto e novembro,
quando o presidente colombiano interrompeu suas gestões,
desatando uma crise diplomática. Em ato de apoio ao venezuelano, a guerrilha liberou
unilateralmente seis reféns.
Em Bogotá, o presidente Uribe voltou a dizer que a desmilitarização de dois municípios,
exigência das Farc, está fora de
questão. Ele também anunciou
que revisará a situação jurídica
do "chanceler" das Farc, Rodrigo Gandra, libertado no ano
passado a pedido de Sarkozy
como forma de impulsionar um
acordo humanitário.
Anteontem, uma carta de
Gandra divulgada na internet
disse que a liberação dos 39 reféns políticos só ocorrerá caso o
governo liberte guerrilheiros
das Farc que estão presos.
A boa notícia de ontem foi
que um guerrilheiro das Farc
desertou e libertou no sul do
país dois reféns "econômicos",
ou seja, que estão fora das negociações com o governo.
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