São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Ativistas antiglobalização incendeiam hotel

DO ENVIADO A ESTRASBURGO

O maciço esquema de segurança que isolou o centro de Estrasburgo e transformou uma das sedes da cúpula da Otan em cidade sitiada não impediu a repetição das cenas de violência que já haviam ocorrido durante o encontro do G20, em Londres, na semana passada.
Milhares de manifestantes entraram em choque com a polícia nos arredores da cidade francesa, a poucos quilômetros do centro de conferência onde os membros da Otan celebravam os 60 anos da aliança militar e discutiam seu futuro. Um hotel da rede Ibis e várias lojas foram incendiadas dando um toque de confronto à reunião.
Antes do início da cúpula, os 28 líderes atravessaram a pé uma ponte sobre o rio Reno entre Alemanha e França, simbolizando a união europeia. Pouco tempo depois, numa ponte próxima dali, manifestantes mascarados começaram a enfrentar policiais dos dois países, e em pouco tempo a situação saiu do controle.

"Para quê Otan?"
A fúria dos protestos impediu uma visita que as primeiras-damas fariam a um hospital de Estrasburgo, mas não chegou a causar distúrbios à cúpula da Otan, que estava cercada por um espesso cordão de segurança. Do centro de conferência onde estavam reunidos os líderes, contudo, era possível enxergar as colunas de fumaça provocadas pelos incêndios.
A polícia calculou em 10 mil o número de manifestantes em Estrasburgo, mas os organizadores afirmaram que havia três vezes mais. Eles misturavam ativistas antiglobalização e pacifistas em campanha pelo fim da Otan. "A Guerra Fria acabou. Para quê Otan?", questionava o cartaz de um dos manifestantes na cidade francesa.
Em Baden-Baden, no lado alemão, cerca de sete mil pessoas se juntaram aos protestos. Segundo a polícia, a grande maioria era pacífica, mas pelo menos mil deles eram especialmente violentos. Os manifestantes culparam a brutalidade da polícia pelo caos.
"Em 40 anos de manifestações pacíficas eu jamais vi algo parecido", disse Hartmut Brewes, pastor aposentado de Bremen, cidade do norte da Alemanha. "A violência só começou quando a polícia chegou."
O piso térreo do hotel Ibis ficou completamente destruído pelo fogo, e os hóspedes foram retirados pela polícia. Um posto de alfândega e uma agência de turismo também foram incendiados.
Só depois do estrago já feito, a polícia conseguiu afastar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo. A aliança falou em 20 feridos na ação. Pelo menos um deles teve de ser hospitalizado.
Vestidos de preto e com o rosto coberto por lenços, os manifestantes invadiram ainda uma agência de correio, uma farmácia e também uma capela. Também foram registrados choques no Jardin des Deux Rives, a poucos metros de onde os chefes de Estado e de governo da Otan haviam feito ontem pela manhã a foto oficial do evento. (MN)


Com agências internacionais


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