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Ativistas antiglobalização incendeiam hotel
DO ENVIADO A ESTRASBURGO
O maciço esquema de segurança que isolou o centro de Estrasburgo e transformou uma
das sedes da cúpula da Otan em
cidade sitiada não impediu a repetição das cenas de violência
que já haviam ocorrido durante
o encontro do G20, em Londres, na semana passada.
Milhares de manifestantes
entraram em choque com a polícia nos arredores da cidade
francesa, a poucos quilômetros
do centro de conferência onde
os membros da Otan celebravam os 60 anos da aliança militar e discutiam seu futuro. Um
hotel da rede Ibis e várias lojas
foram incendiadas dando um
toque de confronto à reunião.
Antes do início da cúpula, os
28 líderes atravessaram a pé
uma ponte sobre o rio Reno entre Alemanha e França, simbolizando a união europeia. Pouco tempo depois, numa ponte
próxima dali, manifestantes
mascarados começaram a enfrentar policiais dos dois países, e em pouco tempo a situação saiu do controle.
"Para quê Otan?"
A fúria dos protestos impediu uma visita que as primeiras-damas fariam a um hospital
de Estrasburgo, mas não chegou a causar distúrbios à cúpula da Otan, que estava cercada
por um espesso cordão de segurança. Do centro de conferência onde estavam reunidos os
líderes, contudo, era possível
enxergar as colunas de fumaça
provocadas pelos incêndios.
A polícia calculou em 10 mil o
número de manifestantes em
Estrasburgo, mas os organizadores afirmaram que havia três
vezes mais. Eles misturavam
ativistas antiglobalização e pacifistas em campanha pelo fim
da Otan. "A Guerra Fria acabou. Para quê Otan?", questionava o cartaz de um dos manifestantes na cidade francesa.
Em Baden-Baden, no lado
alemão, cerca de sete mil pessoas se juntaram aos protestos.
Segundo a polícia, a grande
maioria era pacífica, mas pelo
menos mil deles eram especialmente violentos. Os manifestantes culparam a brutalidade
da polícia pelo caos.
"Em 40 anos de manifestações pacíficas eu jamais vi algo
parecido", disse Hartmut Brewes, pastor aposentado de Bremen, cidade do norte da Alemanha. "A violência só começou
quando a polícia chegou."
O piso térreo do hotel Ibis ficou completamente destruído
pelo fogo, e os hóspedes foram
retirados pela polícia. Um posto de alfândega e uma agência
de turismo também foram incendiados.
Só depois do estrago já feito,
a polícia conseguiu afastar os
manifestantes com bombas de
gás lacrimogêneo. A aliança falou em 20 feridos na ação. Pelo
menos um deles teve de ser
hospitalizado.
Vestidos de preto e com o
rosto coberto por lenços, os
manifestantes invadiram ainda
uma agência de correio, uma
farmácia e também uma capela.
Também foram registrados
choques no Jardin des Deux Rives, a poucos metros de onde os
chefes de Estado e de governo
da Otan haviam feito ontem pela manhã a foto oficial do evento.
(MN)
Com agências internacionais
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