São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Cardeal defende papa na missa de Páscoa

Discurso de apoio destoou do silêncio mantido por Bento 16 sobre abusos durante toda a Semana Santa

DA REDAÇÃO

Num gesto provavelmente inédito, o Colégio dos Cardeais abriu as solenidades do Domingo de Páscoa ontem, no Vaticano, com mensagem de apoio ao papa Bento 16, alvo de uma onda de denúncias de encobrimento de casos de abuso sexual de menores por clérigos.
"Sua Santidade não está sozinha", disse o cardeal Angelo Sodano. "Do seu lado está o povo de Deus, que não se deixa influenciar pelos murmúrios do momento, pelos julgamentos que às vezes golpeiam os fiéis."
Depois do discurso, Bento 16 abraçou o cardeal. Mesmo assim, não fez nenhuma referência à crise no sermão pascal, a exemplo do que ocorreu durante toda a Semana Santa.
Sob chuva, o pontífice disse para dezenas de milhares de fiéis que a humanidade precisa de uma conversão espiritual e moral para sair da crise. Falou também do "recrudescimento do narcotráfico" na América Latina e no Caribe e dos terremotos ocorridos no Haiti e no Chile, antes de concluir com a bênção "Urbi et Orbi" (à cidade e ao mundo, em latim).
O papa tem sido acusado de ter se omitido diante de abusos quando era bispo de Munique e chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, antes de ser eleito papa, em 2005. Para a Santa Sé, a difusão dos casos é uma campanha difamatória.
Na catedral de Dublin, na Irlanda, pessoas tentaram interromper a missa de Páscoa ontem para depositar sapatos de crianças ao pé do altar, em um protesto contra abusos por padres no país, durante décadas, sem interferência do Vaticano.
Na Áustria, a comissão independente criada pela Igreja Católica para examinar denúncias anunciou que pagará por indenizações e terapia.

Antissemitismo
O pregador do Vaticano, Raniero Cantalamessa, que agravou a polêmica em torno do papa ao compará-la ao antissemitismo, pediu desculpas. Ele disse, em entrevista publicada ontem pelo jornal "Corriere della Sera", que não queria ferir "as sensibilidades dos judeus e vítimas de pedofilia" e negou que o papa tivesse lido o texto antes.


Com agências internacionais


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