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IRAQUE OCUPADO
País apura casos de presos maltratados e mortos por americanos no Iraque, no Afeganistão e em Guantánamo
EUA ampliam investigação sobre tortura
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Os EUA anunciaram ontem a
ampliação das investigações sobre tortura praticada por militares americanos contra prisioneiros de guerra, inicialmente circunscritas à prisão iraquiana de
Abu Ghraib.
Na semana passada, a TV americana CBS deflagrou um escândalo ao divulgar fotos em que soldados dos EUA torturam e humilham presos iraquianos. Ao menos sete militares já foram punidos no caso -nenhum com prisão.
Em meio a pressão de congressistas americanos e críticas externas, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, afirmou que investigações foram iniciadas para
saber se houve atos similares em
outros centros de detenção dos
EUA, incluindo a base de Guantánamo, onde estão suspeitos de
terror.
O Exército dos EUA informou
que estão em curso investigações
sobre a morte de 25 prisioneiros
no Iraque e no Afeganistão.
Segundo fontes militares citadas pela agência Reuters, já se
confirmou que dois americanos
(um soldado e um civil contratado pela CIA) seriam responsáveis
por duas das mortes no Iraque.
No caso do soldado, ele foi condenado por uma corte marcial
americana pelo assassinato a tiros
de um prisioneiro que havia atirado pedras nele, em setembro de
2003. A punição do militar foi rebaixamento de patente -ele não
foi preso. O Exército não divulgou
nem seu nome nem a patente.
Já no caso do civil, nenhuma
ação legal foi tomada porque ele
não fazia parte do Exército. A CIA
disse que está investigando o caso.
Uma terceira morte investigada
foi considerada homicídio "justificável", porque o prisioneiro estava tentado fugir, segundo as
fontes citadas pela Reuters.
O general Donald Ryder, que divulgou alguns detalhes sobre os
casos, disse que, das outras 22
mortes, 12 tiveram causas naturais ou indeterminadas e as outras
dez -todas no Iraque- ainda
estão sendo investigadas.
Para Rumsfeld, esses maus-tratos -que incluem abuso sexual,
segundo Ryder- são "totalmente inaceitáveis e não-americanos".
O secretário de Estado, Colin Powell, disse que as imagens reveladas pela CBS são "imorais". Segundo a CNN, o presidente George W. Bush sabia das investigações sobre torturas, mas desconhecia a existência das fotos.
Questionado se o escândalo poderia afetar a imagem dos EUA,
Rumsfeld disse: "Certamente.
Não ajuda". Mas acrescentou: "É,
esperamos, um caso isolado".
Congressistas democratas e republicanos fizeram declarações
públicas exigindo respostas do
governo sobre a origem e a extensão dos atos de maus-tratos.
O senador John Warner, republicano como Bush, disse que
"houve alguns incidentes" no
Afeganistão. "Não recebemos todos os detalhes, mas ficamos com
a impressão de que foram relativamente isolados e certamente
em pequeno número", declarou.
O senador Tom Daschle, líder
democrata, afirmou que Rumsfeld deveria falar aos senadores
até o final da semana.
"Temos de ter um depoimento
do secretário sobre como essa situação evoluiu, que ações foram
tomadas e que outras podem vir a
ser para prevenir que essa situação terrível volte a acontecer",
disse o republicano John McCain.
O senador se queixou ainda do
fato de o relatório do Pentágono
sobre os maus-tratos ter sido liberado para a imprensa antes que
fosse enviado ao Senado.
Na tentativa de reduzir o estrago na imagem dos EUA no mundo árabe, a assessora de Segurança Nacional do país, Condoleezza
Rice, falou a três TVs árabes.
"Temos um sistema democrático que torna as pessoas responsáveis por seus atos", disse ela à rede
Al Jazira. A outro canal, declarou:
"O presidente garante que os que
cometeram esses atos serão responsabilizados".
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