São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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ORIENTE MÉDIO

Premiê apresenta novo gabinete e diz que principais assentamentos no território são "parte eterna" de Israel

Saída da Cisjordânia será parcial, diz Olmert

GREG MYRE
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM

O premiê Ehud Olmert conquistou ontem aprovação formal a seu governo de coalizão e informou ao Parlamento que está disposto a fixar as fronteiras de Israel durante seu mandato de quatro anos. Ao expor as políticas do novo governo, Olmert manifestou preocupação com o programa nuclear do Irã , dizendo que leva a sério as ameaças de destruir Israel proferidas pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
"Não devemos ignorar aquilo que o presidente do Irã diz; ele realmente fala sério", afirmou Olmert aos deputados israelenses.
Mas o foco do novo premiê ficou nas fronteiras que ele espera fixar, com ou sem a participação dos palestinos. "As fronteiras de Israel que serão determinadas nos próximos anos serão significativamente diferentes dos territórios que o país tem sob controle hoje", disse Olmert, que estabeleceu o ano de 2010 como limite para a definição final das fronteiras.
Olmert não especificou as fronteiras, mas disse que a barreira de separação na Cisjordânia será a base da divisa. A maior parte dos colonos na Cisjordânia vive do lado israelense, em grandes blocos de assentamentos, e o premiê afirmou que esses blocos continuarão sob controle do país.
"As conquistas do movimento de colonos nas principais concentrações serão parte integral e eterna do Estado de Israel soberano, junto com Jerusalém, nossa capital unificada", disse Olmert.
Mas milhares dos colonos vivem do lado oposto da barreira, e são vistos como candidatos à retirada. "Mesmo que os olhos judaicos se encham de lágrimas e que nossos corações se partam, devemos manter em vista o princípio dominante", disse Olmert. "É preciso manter uma forte e estável maioria judaica em nosso país."
Olmert disse que ofereceria negociações aos palestinos, mas, com a Autoridade Nacional Palestina agora sob controle do grupo terrorista Hamas, não existe perspectiva de negociação. "Daremos à Autoridade Nacional Palestina a oportunidade de demonstrar que compreende ter cometido um erro", disse Olmert. "Mas não esperaremos para sempre."
Embora os palestinos aprovem a retirada israelense da Cisjordânia, querem todo o território como parte de seu Estado, incluindo Jerusalém Oriental, e afirmam que não aceitarão fronteiras ditadas por Israel. Olmert estava como premiê interino desde que Ariel Sharon sofreu um derrame e entrou em coma, em janeiro.
O partido centrista Kadima, de Olmert, venceu as eleições de 28 de março, e o premiê governará à frente de uma coalizão de quatro partidos que detém 67 dos 120 assentos do Parlamento.
Avigdor Liberman, líder do partido Israel Nossa Casa, de direita, causou discussão ao dizer que os membros árabes do Parlamento israelense que recentemente se reuniram com o Hamas deveriam ser executados por traição. "A Segunda Guerra acabou com os julgamentos de Nuremberg e a execução da liderança nazista", disse Liberman. "Não só eles, mas seus colaboradores. Espero que esse também seja o destino dos colaboradores presentes nesta casa." Vários deputados árabes classificaram as declarações de Liberman de "racistas".

Hamas
O governo do Hamas está conseguindo driblar o bloqueio internacional e receber financiamento do exterior, disse ontem o representante do grupo no Líbano. "Parte do dinheiro começou a entrar em Gaza e na Cisjordânia", afirmou Osama Hamdan.
Um taxista palestino foi morto ontem por soldados israelenses perto da cidade de Nablus. Segundo uma testemunha, ele foi alvejado pelos soldados depois de estacionar e sair correndo.


Tradução de Paulo Migliacci

Com agências internacionais


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