|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE
"Falta transparência", diz ela
Mãe de seqüestrado critica Lula em carta
DA SUCURSAL DO RIO
A mãe do engenheiro brasileiro
seqüestrado no Iraque há 15 meses enviou carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na
qual afirma que "falta transparência" nas negociações do Itamaraty
e da construtora Norberto Odebrecht, para a qual trabalha, sobre
o seu paradeiro. Maria de Lourdes Mello Vasconcellos - mãe de
João José de Vasconcellos Jr., desaparecido no Iraque desde 19 de
janeiro de 2005- afirma que está
"cansada de reclamar" e "implora
e suplica" por uma única coisa: "a
verdade sobre o que realmente
aconteceu".
"Que mistério é esse que envolve o seu seqüestro? Nas conversações, buscas e falsos resultados,
percebo que falta uma transparência muito grande. Por que
meu filho foi o único seqüestrado
que não apareceu em fotos ou vídeos?", escreve Maria de Lourdes.
Ela diz que, em sua grande
maioria, os seqüestrados no Iraque retornaram a seus países, vivos ou mortos. "Somente sobre o
seqüestro de meu filho paira uma
nuvem obscura e densa", diz.
"Os esforços do Itamaraty e da
construtora Norberto Odebrecht,
onde meu filho trabalhou por 20
anos, dedicando toda uma vida e
quem sabe, a vida, não resultaram
em nada. Contudo, rogo ao governo brasileiro, na pessoa do
presidente Lula, que não se esqueça que um brasileiro está no Iraque, impedido de retornar à sua
pátria; à construtora, peço que
renda uma homenagem ao funcionário tão dedicado que João
sempre foi: tragam-no de volta ao
Brasil."
A última notícia do paradeiro
de Vasconcellos Jr. foi recebida
por sua família poucos dias após o
desaparecimento, quando seqüestradores exibiram, em vídeo,
documentos do brasileiro. Vasconcellos trabalhava na reforma
de uma usina hidrelétrica em Beiji, no norte do Iraque. Ele estava
num comboio que foi atacado pelos Esquadrões al Mujahidin. O
grupo chegou a divulgar imagens
de documentos do brasileiro, mas
não houve mais contatos dos seqüestradores em nome de Vasconcellos desde então.
O Itamaraty enviou pessoal ao
Oriente Médio para pedir ajuda e
realizar reuniões de inteligência
com países da região, mas não
conseguiu avançar.
"Meus olhos já não possuem
brilho, e meu coração já não repousa. Sou tomada todos os dias
pela dor da saudade, da incerteza
e da angústia sem fim. Há um ano
e três meses eu acordo e durmo
com a mesma pergunta: onde está
meu filho João?", afirma Maria de
Lourdes, na carta em que pede a
solidariedade das mães.
"Se não há prova de morte ou de
vida, imploro, suplico, que os esforços sejam intensificados e que,
enfim, todos nós, pais, irmãos, esposa e filhos do João tenhamos o
nosso reencontro. Cansada de
clamar por um desfecho para o
caso, seja à construtora, seja ao
governo brasileiro, seja aos seqüestradores, venho hoje fazer
um apelo especial a você que é
mãe", propõe ela.
"Peça a seu filho, seja ele um político, um empresário, um governante, um líder, um ídolo, um homem comum, o apoio à nossa
causa. Dizem que é só pedir à mãe
que o filho atende. Por isso me dirijo em especial a você que é mãe,
e que é capaz de compreender a
intensidade da minha dor e do
verdadeiro calvário que venho vivendo."
"Não tenho mais um nome que
me represente. Em alguns momentos me sinto uma fêmea ferida, tomada pelo pânico, trêmula e
com um grito surdo que me sufoca e me suga as energias necessárias à minha sobrevivência."
Violência
A explosão de uma mina em
uma estrada perto de um tribunal
em Bagdá matou ontem nove
pessoas e feriu pelo menos 46, informou a polícia iraquiana.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Oriente Médio: Saída da Cisjordânia será parcial, diz Olmert Próximo Texto: Vida dura: Moussaoui deve ir para superprisão Índice
|