São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Diplomatas do Irã e dos EUA têm breve encontro no Egito

Reunião, de três minutos, foi acerca do Iraque; chanceler iraniano evitou Rice e criticou americanos pela ocupação

Em cúpula de dois dias visando auxílio para os iraquianos, Washington sinaliza leve mudança de posição diplomática

DA REDAÇÃO

O encerramento da reunião do "Iraq Compact" (acordo do Iraque), no Egito, foi marcado ontem por fortes críticas aos EUA e por um encontro entre diplomatas americanos e iranianos que não trouxe nenhum avanço nas relações turbulentas entre os dois países. Participaram da reunião para ajuda ao Iraque, que durou dois dias, mais de 60 países.
Segundo o embaixador dos EUA no Iraque, Ryan Crocker, ele se encontrou por três minutos com um vice-chanceler iraniano, Abbas Araghchi. Crocker só disse que a curta conversa foi sobre o Iraque.
Teerã e Washington não têm relações diplomáticas desde a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. Os EUA acusam o Irã de municiar grupos insurgentes xiitas no Iraque e insistem em que o país suspenda seu processo de enriquecimento de urânio, que eles crêem visa a produção de armas nucleares.
"A oportunidade para eu e o ministro das Relações Exteriores do Irã nos encontrarmos simplesmente não apareceu", afirmou a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
Segundo diplomatas americanos, Rice pretendia conversar com Manouchehr Mottaki num jantar anteontem, oferecido pelo chanceler egípcio, Ahmed Aboul Gheit. Mas o ministro iraniano deixou a mesa antes da chegada da secretária americana (leia texto ao lado).
Um indicativo de que esse breve encontro foi pouco produtivo está nas palavras de Mottaki, na abertura da sessão de ontem da reunião.
"Os terroristas dizem que estão combatendo as forças de ocupação [no Iraque], enquanto as forças de ocupação justificam sua presença sob o pretexto da guerra ao terror", disse o chanceler. "Os EUA têm de aceitar a responsabilidade que vem com a ocupação e não apontar o dedo ou culpar os outros", emendou.

Infantil
O chanceler da Arábia Saudita parece ter resumido a política americana de limitar conversações diretas com alguns países com os quais tem sérias divergências. "Às vezes parece que as pessoas usam conversas diplomáticas como punição ou recompensa", afirmou o príncipe Saud al Faisal. "Isso me parece muito infantil."
Mas um encontro entre Rice e o chanceler da Síria, Walid al Moallem, anteontem, deu pelo menos uma indicação de que essa política pode estar mudando, em virtude da necessidade dos EUA de que os países vizinhos ao Iraque ajudem na tentativa de controlar a violência sectária.
Washington considera a Síria patrocinadora do terrorismo e a acusam de abrigar insurgentes que combatem no Iraque, além de fazer vista grossa ao fluxo de armas em sua fronteira. Anteontem a Rice pediu maior empenho de Damasco no controle desse fluxo.


Com agências internacionais
e o "New York Times"


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