São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Prodi quer forçar opção entre negócios e política

Milionários, como Berlusconi, teriam que deixar empresas para assumir cargo público

Ex-premiê conservador diz que projeto visa expulsá-lo da política; lei é promessa de campanha de Prodi, que usa Estados Unidos de exemplo

DA REDAÇÃO

O premiê italiano, Romano Prodi, defendeu ontem um projeto de lei que obrigaria os mais ricos italianos -dentre eles, seu principal adversário e antecessor, Silvio Berlusconi- a escolher entre seus negócios e a carreira política.
Uma comissão parlamentar aprovou uma medida na quinta-feira que pretende regulamentar conflitos de interesse. Se aprovada, a lei forçaria pessoas com patrimônio acima de 15 milhões a se afastar da direção de suas empresas antes de assumir um cargo público.
A mesma regra seria aplicada a proprietários de empresas que dependem de concessões públicas ou da autorização de agências estatais.
Berlusconi reagiu às declarações. "Essa é a última demonstração da vontade de Prodi de eliminar seu mais perigoso concorrente." Ao ser confrontado com o fato de nos EUA a lei ser assim, ele reagiu: "Mas nós não estamos na América, estamos na Itália, e as coisas aqui são diferentes". O ex-premiê conservador é o homem mais rico da Itália e detém negócios tão diversos como canais de TV, editoras e times de futebol.
Prodi disse que leis que regulam conflitos de interesse são comuns em democracias saudáveis, como os EUA, e acrescentou que a proposta italiana era progressista.
"É uma lei absolutamente mais branda que as de outras democracias. Acho que ela tem que ir adiante", afirmou. "Você continua rico, mas você não pode administrar diretamente sua riqueza."
A legislação sobre conflito de interesse, que ainda passará por vários debates no Parlamento, foi uma das promessas de campanha de Prodi no ano passado. O social-democrata venceu o conservador por uma pequena margem de 25 mil votos, a menor na história da Itália moderna.
O diário conservador "Il Giornale", de propriedade de um irmão de Berlusconi, atacou o projeto com a manchete: "Aqui está a lei para frear Berlusconi".
O texto do jornal fala em "clima soviético no Parlamento" e alerta que Berlusconi teria que abandonar seu papel na empresa de comunicações Mediaset e na companhia financeira e de seguros Fininvest.
Prodi não sofrerá com a medida. Ele está longe de estar entre os mais ricos políticos italianos, segundo sua declaração de renda. Sua renda em 2005 foi de 89,5 mil (R$ 245,3 mil), pouco mais do que Berlusconi ganha em um único dia.


Com agências internacionais


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