São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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EUA querem divisão da Bolívia, diz Chávez

Venezuelano e presidente do Equador, aliados de Evo Morales, condenam votação em Santa Cruz e vêem ingerência americana

Criado para mediar conflito, grupo formado por Brasil, Argentina e Colômbia, deve retomar conversas na Bolívia, com apoio da OEA


DA REDAÇÃO

Aliado de La Paz, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltou ontem a condenar o referendo de autonomia no departamento boliviano de Santa Cruz e a acusar os Estados Unidos de insuflarem a oposição e promoverem violência.
"Evo, aqui estamos contigo e com a Bolívia [...] Os gringos não poderão com a Bolívia", disse Chávez, que já provocou reação da oposição a Evo Morales ao prometer ajudar militarmente La Paz, se preciso.
"A violência é responsabilidade do império e da agressão oligárquica de grupos que geralmente assumem nomes como "sociedade civil", mas são fascistas que andam com paus, pregos e pedras, atemorizando as pessoas", disse o venezuelano em seu programa de TV.
Chávez afirmou ter informações de que Estados do oeste venezuelano (Zulia, Táchira, Mérida, Barinas e Apure) também pretendem lançar-se em iniciativas separatistas em 2009, com ajuda americana.
As palavras do venezuelano fazem coro às declarações, anteontem, do presidente do Equador, Rafael Correa, também aliado de La Paz. "Os presidentes da região -eu falei com vários- não vamos permitir esses tipos de atuação", disse Correa, que vê na consulta "separatismo" de Santa Cruz, com "influência estrangeira".

Grupo de Amigos
O Itamaraty informou estar acompanhando a votação cruzenha, mas não houve declaração oficial, como também não se manifestaram os governos de Argentina e Colômbia. Os países formam o Grupo de Amigos criado em abril para tentar mediar o conflito.
Morales convocou o grupo para atrair os líderes oposicionistas à negociação, mas os líderes negaram-se a suspender o referendo, de modo que o esforço de fazer Morales e os cruzenhos sentarem à mesa deve ser retomado agora.
Em resolução na sexta, a OEA (Organização dos Estados Americanos) respaldou a ação do grupo e defendeu a "unidade territorial" da Bolívia.
Tanto o grupo quanto a OEA evitaram condenar o referendo. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse, no mês passado, que tanto "a visão do povo boliviano de mudança" como os "interesses de todas as regiões" devem ser respeitados.


Com agências internacionais


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