São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Rivais se enfrentaram com paus e pedras

Manifestantes pró-Morales impediram votação em quatro cidades e em duas escolas da capital cruzenha

DO ENVIADO A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

Manifestantes simpáticos ao presidente Evo Morales impediram a realização do referendo autonômico em centros eleitorais de quatro cidades e em duas escolas da periferia de Santa Cruz. Os confrontos com a polícia e com brigadas de opositores que faziam a segurança das urnas deixaram pelo menos 35 feridos no interior e 28 na capital do departamento, segundo o Ministério do Interior, a maioria por pedradas.
Em três cidades do interior -Yapacaní, San Julián e Cuatro Cañadas-, não houve votação. Em San Pedro, um centro eleitoral foi invadido por simpatizantes de Morales, em meio a uma batalha de paus e pedras. Na cidade de Santa Cruz, os maiores distúrbios foram registrados na região do Plan 3.000, uma imensa área pobre habitada por imigrantes indígenas do altiplano.
Pela manhã, manifestantes invadiram uma escola e queimaram as cédulas. Em outros centros de votação, foram impedidos por grupos de estudantes universitários pró-autonomia. Enquanto lançavam pedras, os simpatizantes de Morales, não mais que algumas dezenas, gritavam "guerra civil".
Um idoso que morava perto do local de um dos confrontos foi encontrado morto, aparentemente afetado pelo gás lacrimogêneo usado pela Polícia Nacional para dispersar os manifestantes.
"Somos a favor das autonomias, mas contra esse estatuto autonômico escrito por estrangeiros", disse, com um pedaço de pau na mão, o comerciante Francisco Cruz, 45, natural de Oruro, no altiplano. "Se tiver de correr sangue, que corra, mas temos de atacar os ricos, e não ficar brigando entre os pobres."
Já no bairro Equipetrol, de classe alta e população predominantemente branca, a votação teve alto comparecimento. "É uma forma de conseguir mais recursos e de resolver problemas como o da insegurança, criando uma polícia departamental", diz a advogada Marian Pereira, 32.
Os incidentes violentos foram interpretados de maneira oposta pelo governo e pela oposição. A Corte Departamental Eleitoral, controlada pela oposição regional, disse que 96% das mesas de votação funcionaram normalmente. O ministro de Governo, Alfredo Rada, afirmou em La Paz que os incidentes "são a culminação de uma tramóia que o prefeito de Santa Cruz vem promovendo. Os resultados são confrontação, violência, enfrentamento e atuação de grupos de choque".
Na empobrecida cidade de El Alto, região metropolitana de La Paz, manifestantes pró-Morales atacaram um canal de TV pertencente ao governador oposicionista, José Luis Paredes. Segundo a polícia, a porta de entrada e janelas de vidro foram destruídos.
Também houve manifestações pró-Morales em Cochabamba, Oruro e La Paz. (FM)


Com agências internacionais


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