São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Diplomacia de Israel tenta colocar questão palestina em segundo plano

Liberman, na Europa, e Peres, nos EUA, afirmam que Irã é principal problema da região

DA REDAÇÃO

O novo governo de Israel iniciou ontem uma ofensiva diplomática na Europa e nos EUA que antecede o encontro do primeiro-ministro do país, Binyamin Netanyahu, com o presidente dos EUA, Barack Obama, no próximo dia 18.
Tanto o chanceler, Avigdor Liberman, ontem na Itália, quanto o presidente israelense, Shimon Peres -que hoje se encontra com Obama-, em Washington, centraram seus discursos na ameaça que o Irã representa ao mundo e em uma solução pacífica para os conflitos no Oriente Médio.
Paralelamente, eles questionaram a centralidade ou evitaram o tema da criação de um Estado palestino para o processo de paz na região.
O governo de direita do novo primeiro-ministro israelense rejeita o princípio de dois Estados como solução para o conflito histórico entre os dois povos, ideia que é advogada pelos EUA e por países europeus.
Ao mesmo tempo, os dois tentaram diminuir a imagem belicosa da atual coalizão governista israelense, afirmando que seu governo está comprometido com a busca da paz.
No início de um giro pela Europa que incluirá ainda França, Alemanha e República Tcheca, o ultradireitista Liberman disse ontem em Roma que o objetivo do atual governo israelense "não é produzir slogans ou fazer declarações pomposas, mas chegar a resultados concretos".
A declaração foi feita após ele ser questionado se via a possibilidade de vir a encampar a criação de um Estado palestino no futuro. Ele disse então que o Irã é "fator de desestabilização para o mundo" e o principal problema do Oriente Médio.
Em entrevista ao "New York Times", um integrante da diplomacia americana disse, sob a condição de manter o anonimato, que "o presidente Obama vê a região como um todo" e que "tentar isolar cada problema", isolar o tema iraniano da busca palestina por um Estado, "não reflete a realidade".
Segundo o "New York Times", o governo americano avalia que "será muito mais fácil construir uma coalizão para lidar com o Irã se o processo de paz [entre israelenses e palestinos] avançar".
Shimon Peres discursou em Washington para uma organização de apoio a Israel, declarando, ele também, que o programa nuclear iraniano -que o país persa afirma ter fins pacíficos- ameaça não só seu país mas também os EUA, a Europa e países árabes.
"O Irã financia e arma o Hizbollah e o Hamas com o objetivo de disseminar divisões entre libaneses e palestinos, disseminar divisão e terror", ele disse.
Peres também afirmou que o novo governo trabalha pela paz. Embora tenha recebido um prêmio Nobel da Paz em 1994 pela negociação que levou à frente com os palestinos e apesar de ser um defensor histórico da solução de dois Estados, Peres não mencionou o tema em seu discurso.


Com agências internacionais


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