São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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EUA prendem suspeito de ataque frustrado

Paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad é detido em aeroporto de Nova York dentro de avião que o levaria a Dubai

Paquistão detém 7 pessoas que estariam ligadas a autor de atentado, que, segundo autoridades, admitiu ter sido treinado no país asiático


Mary Altaffer/Associated Press
Painel na Times Square anuncia prisão de suspeito pelo ataque frustrado no local, um dos principais pontos turísticos de Nova York

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Autoridades dos EUA detiveram e acusaram formalmente o paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad pelo atentado terrorista frustrado na Times Square, em Nova York, no último sábado.
Shahzad foi preso quando tentava deixar o país, na noite de anteontem. O avião da Emirates já taxiava na pista do aeroporto JFK quando as autoridades pediram que voltasse "imediatamente ao portão".
O suspeito de ter deixado a perua Nissan Pathfinder na rua 45, com uma bomba que falhou, foi indiciado por terrorismo e tentativa de usar arma de destruição em massa, entre outras acusações.
Segundo o secretário da Justiça dos EUA, Eric Holder, o suspeito colaborou com o FBI durante os interrogatórios e "forneceu informações úteis".
Holder enfatizou que a investigação ainda está em curso e que "está claro que se tratou de um plano terrorista para matar americanos em um dos lugares mais movimentados do país".
Sobre o fato de o suspeito ter sido preso momentos antes de voar a Dubai -de onde seguiria para o Paquistão-, Holder disse que "nunca houve o perigo de perdê-lo".
A secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, completou que as autoridades mandariam o avião retornar caso já tivesse decolado.
Mas o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, criticou a segurança do aeroporto, que permitiu que o suspeito embarcasse no avião.
O seu nome havia sido incluído anteontem em lista que o proibia de voar, e a Emirates alertou policiais sobre o "incomum" pagamento da passagem em dinheiro.
"Não posso imaginar como isso aconteceu. Obviamente o homem estava no avião e não devia estar lá", afirmou Bloomberg, ontem.

Viagem ao Paquistão
Shahzad, que mora nos EUA há 11 anos e se naturalizou no ano passado, passou cinco meses em seu país de origem entre 2009 e fevereiro deste ano. Segundo as autoridades, ele admitiu ter recebido lá treinamento para construir bombas.
O FBI afirmou ontem estar trabalhando para descobrir todas as suas possíveis ligações com o "extremismo radical ou organizações terroristas", nos EUA e no exterior.
No domingo, o braço paquistanês do Taleban reivindicara um "ataque em Nova York", mas autoridades americanas haviam questionado a veracidade da afirmação.
Os agentes federais localizaram Shahzad após rastrear a compra da Pathfinder usada no crime. Segundo a investigação, ele pagou US$ 1.300 -com 13 notas de US$ 100- pelo carro, anunciado na internet e adquirido na cidade de Bridgeport, Connecticut, onde morava.
Em sua casa, o FBI encontrou ontem uma pistola 9 mm, munições e 15 sacos de fertilizante. Shahzad também abandonou um carro com uma arma automática no aeroporto JFK.
A denúncia, um documento de dez páginas, detalha os movimentos do acusado dias antes do atentado.
O mesmo celular pré-pago usado para comprar o carro recebeu ligações do Paquistão e contatou uma loja na Pensilvânia que vende fogos de artifício -usados para fabricar a bomba.
Ontem, autoridades paquistanesas detiveram e interrogaram ao menos sete pessoas por suas supostas ligações com Shahzad, a maior parte delas na cidade de Karachi.
Segundo vizinhos disseram à imprensa americana, Shahzad é casado e tem dois filhos. Antes de se mudar para Bridgeport, no início do ano, ele morou na cidade de Shelton.
Segundo registros da corte da cidade, Shahzad está sendo processado, junto com sua mulher, por não ter terminado de pagar o financiamento de US$ 218 mil para comprar uma casa.


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