São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Aliado" chama Brown de pior premiê da história

DO ENVIADO A LONDRES

Seria difícil imaginar um fim de campanha mais desastroso para o premiê britânico, Gordon Brown. Um dos candidatos de seu Partido Trabalhista afirmou ontem que Brown foi "o pior primeiro-ministro que tivemos neste país".
O partido limitou-se a emitir nota para dizer que Manish Sood, candidato pelo distrito de North West Norfolk, é conhecido pelos "comentários bizarros" que faz. Mas Sood continua candidato, apesar de ter acrescentado que havia ministros trabalhistas "corruptos".
Mais: condenou o fato de que, segundo ele, o partido tenha permitido que a imigração crescesse demais, o que realmente soa "bizarro" para um descendente de imigrantes.
Bizarro, mas verdadeiro: no governo trabalhista, iniciado em 1997 sob o comando de Tony Blair, deu-se o maior ingresso de imigrantes de todos os tempos. Foram 5,6 milhões de pessoas que vieram por pelo menos um ano.
Não é, em todo o caso, um erro, segundo os trabalhistas: os imigrantes preenchem as necessidades de mão de obra de baixa qualificação, para postos que os britânicos já não querem ocupar, e também, em muito menor número, os da outra ponta, o da alta qualificação em certas áreas em que o Reino Unido é carente.
Além disso, a maior parte dos imigrantes vem de países ex-comunistas que aderiram à União Europeia e, por isso, não podem ser vetados.

Estilo
O comentário de Sood, além de bizarro, revela o que a liderança trabalhista próxima a Brown julga uma tremenda injustiça a avaliação que os eleitores estão fazendo do premiê e do próprio partido.
Segundo o "Financial Times", a preocupação entre os ativistas é a de que os trabalhistas possam estar caminhando para uma votação baixíssima, talvez na faixa dos 28%, como ocorreu em 1983, no auge da era Margaret Thatcher.
De fato, a gestão trabalhista não pode ser julgada tão ruim a ponto de provocar uma baixa tão significativa e uma crítica tão demolidora. Mas Brown paga, entre outros pecados, o fato de ter mais substância que estilo, como comenta, também no "Financial Times", o colunista Philip Stephens.
"Ele [Brown] carece do charme fácil e da fluência demandada pela televisão, pela web, pelo Twitter e pelo resto. Brown cobrou um debate em torno da substância. É triste para ele, mas estilo e substância são agora indivisíveis", escreveu. (CR)


Texto Anterior: Memória: Dama de Ferro implementou neoliberalismo
Próximo Texto: Foco: Ladrão aproveita descuido de motorista e furta veículo que escoltava Evo Morales
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.