|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Kirchner é eleito secretário-geral da Unasul
Após retirada de veto uruguaio, ex-presidente é escolhido por consenso; para Lula, argentino é "100% apto" para a função
Político teve seu nome envolvido em denúncias de suborno a empresários que atuaram na Venezuela durante o seu governo
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A LOS CARDALES (ARGENTINA)
O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner (2003-2007) assumiu ontem a Secretaria-Geral da Unasul (União
de Nações Sul-Americanas),
principal bloco político da região, criado em 2004.
Candidato único, Kirchner
foi eleito por consenso. "Vou
me abster. Não vou emitir nenhuma opinião a respeito",
afirmou a presidente Cristina
Kirchner, mulher do postulante ao cargo e anfitriã da reunião, realizada em Los Cardales
(a 61 km de Buenos Aires).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a
anunciar o voto. "Kirchner tem
experiência. Conhece as dificuldades políticas e ideológicas
do continente. Está 100% apto
a ser um extraordinário secretário-geral da Unasul", disse.
O assessor internacional da
Presidência brasileira, Marco
Aurélio Garcia, citou o "prestígio" de Kirchner como uma das
características que o credenciam ao cargo.
Kirchner ocupa hoje uma cadeira na Câmara de Deputados
da Argentina. Ele enfrenta
atualmente uma suspeita de associação ilícita no comércio bilateral com a Venezuela durante sua Presidência.
Está sob investigação da Justiça um suposto esquema de
cobrança de suborno em negócios empreendidos por empresas argentinas na Venezuela, do
qual o então presidente teria
ciência e participaria com testas de ferro, segundo algumas
versões de acusados de fraude.
Para o governo liderado por
sua mulher Cristina, as acusações são "uma infâmia".
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, se referiu ontem
a Kirchner como "grande amigo, profundo companheiro, solidário em todos os tempos e todas as dificuldades".
A eleição de Kirchner como
secretário-geral foi possível
porque o Uruguai reviu o veto
com que barrou sua pretensão
em 2008, numa retaliação ao
conflito entre os dois países em
torno da instalação de uma fábrica finlandesa de celulose às
margens do rio Uruguai.
No mês passado, a Corte Internacional de Justiça de Haia
considerou que o Uruguai infringiu o tratado bilateral sobre
o rio ao não avisar a Argentina
da intenção de instalar a fábrica, mas autorizou que ela siga
funcionando.
Ao anunciar seu apoio a
Kirchner, o presidente uruguaio José Mujica, sucessor de
Tabaré Vázquez, autor do veto,
disse: "Este passo me impõe
um custo político".
Manifestantes argentinos
impedem há mais de seis anos a
passagem na fronteira com o
Uruguai em protesto contra a
fábrica que julgam poluente.
Parte do espectro político e da
opinião pública uruguaios discordam da atitude de apoio de
Kirchner aos manifestantes.
"Decidimos acompanhar o
consenso dos presidentes da
América Latina porque aspiramos a progredir com o conjunto dos povos da região, mas em
primeiro lugar com o povo argentino, que consideramos não
como irmão mas algo mais",
afirmou Mujica.
Texto Anterior: Paraguai: Procuradoria acusa libanês por ataque a senador Próximo Texto: Colômbia: Em 2º, candidato de Uribe muda sua campanha Índice
|