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Relatórios críticos à CIA derrubaram diretor, diz jornal
DA REDAÇÃO
O ex-diretor da CIA George Tenet deixou o cargo de modo surpreendente, anteontem, porque
era iminente a divulgação de três
relatórios contundentes sobre o
trabalho da agência de inteligência americana, disse ontem o jornal "The New York Times".
A informação circulou no mesmo dia em que outro importante
membro da CIA -James Pavitt,
vice-diretor de operações-
anunciou sua aposentadoria. Um
comunicado da agência disse que
a saída de Pavitt não tem relação
com a de Tenet e fora decidida havia um mês. Mas a nova baixa serviu para acentuar a impressão de
crise na CIA.
Segundo funcionários do governo americano, um dos relatórios a
que o "Times" se referiu -um
documento de 400 páginas produzido pela comissão do Senado
para a Inteligência- destaca desde a deficiente coleta de informações por espiões e satélites no período pré-Guerra do Iraque até
análises medíocres, freqüentemente baseadas em fontes não-confiáveis, responsáveis pela conclusão de que o regime de Saddam Hussein tinha armas químicas e biológicas.
"É um ataque total à CIA e à maneira lamentável como ela estragou tudo", disse ao "Financial Times" um funcionário do Congresso com acesso ao documento.
Os outros relatórios são da comissão independente que analisa
a atuação dos serviços de inteligência nos ataques do 11 de Setembro e do funcionário da CIA
encarregado de procurar o arsenal proibido no Iraque. Os três relatórios se tornarão públicos nas
próximas semanas e meses.
A saída de Tenet fez ressurgirem os pedidos para a realização
de uma ampla reforma da CIA.
Parlamentares republicanos e democratas e jornais se manifestaram nesse sentido.
Em editorial, o "New York Times" disse que a Casa Branca e o
Congresso deveriam "finalmente
agir seriamente quanto à reforma
da comunidade de informação e
fornecer ao próximo diretor [da
CIA] as ferramentas necessárias
para o trabalho".
Segundo o diário nova-iorquino, Tenet tinha a responsabilidade de supervisionar 15 agências de
inteligência, mas era desprovido
da autoridade necessária para
exercer o controle delas. O jornal
também observa que a maior parte do orçamento de inteligência fica fora do controle da agência,
sendo encaminhado para o Pentágono, e que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, tentou repetidas vezes esvaziar a importância da CIA.
"Criatividade"
O agora ex-vice-diretor de operações James Pavitt, 58, entrou
para a CIA em 1973, tendo trabalhado na Europa e na Ásia e no
quartel-general da agência em
Langley (Virgínia). Ele chefiou a
diretoria de operações -à qual
estão subordinados os agentes secretos- nos últimos cinco anos.
Seu substituto no cargo será Stephen Kappes, que tem uma carreira de 23 anos na agência.
"Ele [Pavitt] liderou o serviço
secreto com energia e criatividade, reconstruindo a infra-estrutura para recrutar, treinar e apoiar
os operadores que buscam as informações que são tão vitais para
proteger nossa nação e os interesses americanos", disse Tenet, que
continuará à frente da CIA por
mais um mês. Ele disse ter pedido
demissão "por motivos pessoais".
Com agências internacionais
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