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AMÉRICA DO SUL
Conferência Episcopal convoca reunião dos três Poderes; Brasil oferece ajuda para "normalização institucional"
Igreja Católica tenta mediar crise na Bolívia
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
Atendendo a um chamado do
presidente da Bolívia, Carlos Mesa, a Igreja Católica realizava ontem sua primeira tentativa de
conciliação em torno de uma saída política para a crise que afeta o
país há semanas.
Foram chamados para uma
reunião inicialmente prevista para ontem, na sede da Conferência
Episcopal Boliviana, em Santa
Cruz, membros dos Poderes do
Estado, incluindo os presidentes
do Senado, Hormando Vaca Diez,
e da Câmara, Mario Cossío.
Por parte do Executivo, ainda
estava sendo definido quem participaria. Também estão sob discussão o cronograma e as características do processo.
O chamado à mediação da igreja foi feito por Mesa, em pronunciamento nacional, ao anunciar a
convocação da eleição de constituintes e do plebiscito sobre autonomias para 16 de outubro, por
decreto, depois do fracasso do
Congresso em alcançar um consenso sobre os dois temas e da
conseqüente radicalização dos
protestos sociais.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou
uma nota oficial em que ofereceu
"cooperar rapidamente, em estreita colaboração com os países
da América do Sul, para a normalização política e institucional" da
Bolívia, caso as autoridades bolivianas o peçam.
As conversas propostas pela
igreja devem se estender nos próximos dias aos setores sociais envolvidos, de quem a igreja pediu,
como condição, que "cedam na
radicalidade das demandas" e ponham de lado "toda atitude de
violência e intransigência".
Os principais setores mobilizados, porém, mantiveram para a
segunda-feira, às vésperas da sessão do Congresso que deverá validar ou não o decreto convocatório de Mesa, uma "gigantesca manifestação" com o objetivo de paralisar La Paz.
Já o administrador da capital
boliviana, Juan del Granado, convocou uma greve de fome caso o
Congresso não trate o tema.
O líder cocaleiro Evo Morales,
do MAS (Movimento ao Socialismo), que antes havia pedido à
igreja uma intermediação para
"evitar um derramamento de
sangue", anunciou que continuará com os protestos "porque as
mobilizações têm um claro propósito: recuperar os hidrocarbonetos, a nacionalização de fato, e a
Assembléia Constituinte". O setor
empresarial, por sua vez, apoiou a
iniciativa da igreja.
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