São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

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AMÉRICA DO SUL

Conferência Episcopal convoca reunião dos três Poderes; Brasil oferece ajuda para "normalização institucional"

Igreja Católica tenta mediar crise na Bolívia

CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

Atendendo a um chamado do presidente da Bolívia, Carlos Mesa, a Igreja Católica realizava ontem sua primeira tentativa de conciliação em torno de uma saída política para a crise que afeta o país há semanas.
Foram chamados para uma reunião inicialmente prevista para ontem, na sede da Conferência Episcopal Boliviana, em Santa Cruz, membros dos Poderes do Estado, incluindo os presidentes do Senado, Hormando Vaca Diez, e da Câmara, Mario Cossío.
Por parte do Executivo, ainda estava sendo definido quem participaria. Também estão sob discussão o cronograma e as características do processo.
O chamado à mediação da igreja foi feito por Mesa, em pronunciamento nacional, ao anunciar a convocação da eleição de constituintes e do plebiscito sobre autonomias para 16 de outubro, por decreto, depois do fracasso do Congresso em alcançar um consenso sobre os dois temas e da conseqüente radicalização dos protestos sociais.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota oficial em que ofereceu "cooperar rapidamente, em estreita colaboração com os países da América do Sul, para a normalização política e institucional" da Bolívia, caso as autoridades bolivianas o peçam.
As conversas propostas pela igreja devem se estender nos próximos dias aos setores sociais envolvidos, de quem a igreja pediu, como condição, que "cedam na radicalidade das demandas" e ponham de lado "toda atitude de violência e intransigência".
Os principais setores mobilizados, porém, mantiveram para a segunda-feira, às vésperas da sessão do Congresso que deverá validar ou não o decreto convocatório de Mesa, uma "gigantesca manifestação" com o objetivo de paralisar La Paz.
Já o administrador da capital boliviana, Juan del Granado, convocou uma greve de fome caso o Congresso não trate o tema.
O líder cocaleiro Evo Morales, do MAS (Movimento ao Socialismo), que antes havia pedido à igreja uma intermediação para "evitar um derramamento de sangue", anunciou que continuará com os protestos "porque as mobilizações têm um claro propósito: recuperar os hidrocarbonetos, a nacionalização de fato, e a Assembléia Constituinte". O setor empresarial, por sua vez, apoiou a iniciativa da igreja.


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