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TERROR
Ataque suicida contra mesquita xiita é o pior dos últimos anos; manifestantes reagem incendiando ala de hospital
Atentado no Paquistão mata ao menos 44
DA REDAÇÃO
Um atentado suicida contra
uma mesquita xiita lotada em
Quetta, no sudoeste do Paquistão,
matou ontem pelo menos 44 pessoas e feriu outras 65. Foi o pior
ataque desse tipo dos últimos
anos no país. Embora nenhum
grupo tenha assumido a autoria
da ação, a suspeita é que o atentado seja mais um capítulo de duas
décadas de rivalidades e disputas
entre grupos xiitas e sunitas.
Testemunhas deram versões diferentes sobre como a ação ocorreu. Um fiel xiita disse ter visto
dois homens armados atirarem
contra pessoas que estavam dentro da mesquita. Em seguida, uma
terceira pessoa teria detonado
uma bomba. Outra testemunha
relatou ter visto dois homens-bomba.
Já o Ministério da Informação
declarou que havia três suicidas
- dois morreram na hora e outro
mais tarde, em decorrência de ferimentos.
"Eu vi corpos transformados
em pedaços", disse Khan Ali, 60,
que ficou levemente ferido durante a explosão. Ele afirma que estava rezando dentro da mesquita
durante a ação.
O ataque provocou diversos
protestos pelas ruas de Quetta.
Uma multidão de xiitas -alguns
disparando tiros para o alto-
cercou o hospital para onde os
mortos e feridos foram levados,
no centro da cidade.
Veículos, lojas e uma seção do
hospital foram incendiados. A
multidão só começou a se dispersar com a chegada de tropas do
Exército, que usaram alto-falantes para anunciar um toque de recolher na cidade.
Reação
O ministro da Informação,
Sheikh Rashid Ahmed, disse ontem que ainda é cedo para saber
de quem partiu o ataque.
O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, que está
em Paris em visita oficial, prometeu punir os autores do atentado.
"É lamentável que algumas pessoas no Paquistão estejam minando o que o país defende. É lamentável que essa minoria seja capaz
de sabotar o sentimento nacional", disse Musharraf.
A ação representa um revés para o presidente paquistanês, aliado-chave da "guerra contra o terror" liderada pelo governo norte-americano. Nos últimos dias, ele
esteve na Europa e nos Estados
Unidos com o objetivo de acalmar investidores depois de uma
série de ataques contra alvos ocidentais no ano passado.
Para Sajid Naqvi, líder do Islami
Tehrik, maior grupo político xiita
do país e opositor de Musharraf, o
ataque foi um "incidente terrorista" organizado "com o conhecimento de órgãos do governo".
"Se esses incidentes não forem
impedidos, o terrorismo afundará todo o país", afirmou Naqvi.
Violência religiosa
Centenas de pessoas já morreram nos últimos anos em decorrência de atos violentos envolvendo militantes xiitas e sunitas. Neste ano, houve uma piora da violência depois de uma relativa trégua em 2002.
Há menos de um mês, 11 recrutas da polícia foram mortos e outros nove ficaram feridos quando
franco-atiradores abriram fogo
contra o veículo em que estavam,
também na cidade de Quetta. Todos eram xiitas, que são minoria.
Em fevereiro, nove xiitas foram
mortos a tiros em Karachi, cidade
portuária no sul do país.
Até recentemente, Quetta não
havia sido palco da violência entre
grupos rivais muçulmanos, que
têm aterrorizado a região de Karachi desde os anos 80.
Com agências internacionais
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