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Jornalista da BBC agradece Hamas pela libertação
Alan Johnston diz que pressão do grupo foi fundamental para terminar com 114 dias de cativeiro, os "piores" de sua vida
Britânico conta que recebia ameaças de morte; líderes europeus pedem libertação de soldado israelense seqüestrado há um ano
Atef Safadi/EFE
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A luz do sol fere Alan Johnston em entrevista após libertação |
DA REDAÇÃO
"Era como se eu tivesse sido
enterrado vivo." Foi com essas
palavras que Alan Johnston,
45, jornalista da rede britânica
BBC libertado anteontem em
Gaza, descreveu os 114 dias que
passou em cativeiro. Ele foi seqüestrado em 12 de março pelo
Exército do Islã, inspirado na
Al Qaeda e ligado a um clã local.
Logo após ser libertado,
Johnston, magro e pálido, foi
acompanhado por seguranças
do grupo islâmico Hamas à casa
do premiê palestino deposto,
Ismail Haniyeh -que atualmente controla a faixa de Gaza.
Em seguida, antes de dar entrevistas, ele cortou o cabelo e fez a
barba, para tirar a "aparência
de recém-libertado".
"As últimas 16 semanas foram de longe as piores da minha vida", disse o jornalista.
Johnston contou que viu a luz
do sol apenas no primeiro mês
de cativeiro e que tinha permissão para ouvir rádio e, dessa
forma, conseguiu acompanhar
os esforços para que fosse libertado. O jornalista afirmou que
foi agredido fisicamente apenas uma vez, mas que recebia
ameaças de morte e sofria torturas psicológicas.
Johnston, que deve retornar
para o Reino Unido em breve,
onde está sua família, disse que
"não voltará tão cedo" a Gaza e
tentará "ficar longe do perigo".
Durante a entrevista, ele
agradeceu a seus colegas, ao povo palestino e ao grupo Hamas.
"Eu sei que a liderança do
Hamas colocou uma grande
pressão sobre os seqüestradores. Se não fosse por essa pressão, eu talvez ficasse muito
mais tempo naquele quarto",
afirma o britânico. O Hamas,
que recentemente conquistou
a faixa de Gaza expulsando o
grupo Fatah, secular, considerou a libertação do britânico
uma vitória política. Segundo
Johnston, os seqüestradores
pareciam "confortáveis" de início, mas ficaram nervosos com
a tomada de Gaza pelo Hamas.
Desde que o Hamas conquistou Gaza, o grupo tem desmantelado clãs e pressionado pela
libertação do jornalista. Para o
ex-premiê palestino deposto,
Ismail Haniyeh, do Hamas, "a
libertação foi um momento de
orgulho para os palestinos".
Mahmoud Zahar, outro líder
do Hamas, disse que reforçaria
a lei em Gaza. "É uma nova era.
Não vamos permitir atividades
ilegais contra ninguém."
Países europeus e Israel saudaram a libertação do jornalista, mas autoridades afirmaram
que ela não será suficiente para
mudar imediatamente as atitudes em relação ao Hamas
-considerado uma organização terrorista e boicotado pela
União Européia, EUA e Israel.
Alguns líderes pedem agora a
libertação do soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado em
Gaza há um ano. Haniyeh, porém, afirmou querer um "acordo que garanta a libertação de
prisioneiros palestinos".
Com agências internacionais
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