São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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Sibéria ganha nova fama

Durante o domínio dos czares e de Josef Stálin, a Sibéria foi associada a ostracismo, sofrimento e morte.
Agora os recursos minerais estão transformando essa terra rica em recursos num local onde pessoas sem nada a perder podem fazer fortuna e mudar de vida, segundo reportagem publicada no "The Wall Street Journal".
Apesar do clima inóspito, a região tem como atrativos as descobertas de petróleo, ouro e diamantes. Os salários pagos atualmente na região chegam a ser dez vezes maiores do que os pagos no restante do território da Rússia.
"Os prêmios salariais começaram na era soviética. Mas hoje, com a economia russa em um estado tão ruim que as pessoas às vezes recebem seus salários em pneus, a Sibéria pode ser tentadora", afirma o "Journal".
Na cidade de Liantor, por exemplo, a população local passou de 15 mil para 26 mil habitantes desde 1992.
Os que chegaram ao local vieram atraídos pelo salário de US$ 720 mensais, em média, pago sem atraso e em dinheiro.
Apesar da situação relativamente privilegiada dos trabalhadores da Sibéria, a vida em locais como Liantor não é fácil. Só há um restaurante e dois bares, e a principal diversão disponível é assistir a vídeos dentro de casa.
Sua praça principal é dominada pelo quartel-general da empresa petrolífera Liantorneft, de um lado, e pelo banco da empresa, do outro.
O espaço entre os dois prédios parece um imenso depósito de areia. O vento provoca tempestades de areia. Pequenas dunas se acumulam e passeiam pelas calçadas. Não há uma só árvore ou canteiro de grama dentro dos limites municipais. O sonho de todos os moradores é juntar dinheiro para poder deixar o local.
A exploração de petróleo também está causando problemas ambientais na Sibéria.
"A água está poluída com petróleo, o peixe que comemos tem cheiro de petróleo, e minha filha de 10 anos está ficando com problemas de fígado", disse um morador de Liantor ao "Wall Street". "Alguém deveria chamar o Greenpeace."



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