DA REDAÇÃO

Coréia do Norte e Coréia do Sul decidiram ontem reatar o diálogo entre altas autoridades em meados deste mês. A reunião ministerial, marcada para os dias 12 e 14, terá por objetivo melhorar as relações entre as nações vizinhas, que, em 29 de junho, se envolveram num confronto naval em que morreram 18 marinheiros dos dois Estados.
Será a primeira reunião entre o governo dos dois países nos últimos 18 meses, segundo comunicado oficial divulgado após negociações ocorridas no monte Kumgang (Coréia do Norte).
A reaproximação entre as duas Coréias ganhou mais força depois que Pyongyang, capital norte-coreana, aceitou participar dos Jogos Asiáticos a serem realizados em Pusan (Coréia do Sul), entre 29 de setembro e 14 de outubro.
"Estou muito satisfeito de ver que os nossos contatos deram frutos", disse o chefe da delegação de Seul, Rhee Bong Jo.
O diálogo entre os dois países foi interrompido pouco depois dos atentados de 11 de setembro, quando Washington endureceu suas relações com o Norte comunista e a Coréia do Sul aumentou a segurança na tensa fronteira.
Entre os temas que serão discutidos estão a participação dos atletas norte-coreanos nos Jogos Asiáticos, a situação das famílias separadas desde a Guerra da Coréia (1950-53) e a circulação ferroviária entre norte e sul, além da cooperação econômica.
A Coréia foi dividia oficialmente em 1948, após a Segunda Guerra. O norte se tornou comunista, apoiado pela União Soviética. E o sul se aliou aos EUA. Em 1950, os dois países entraram em guerra. O confronto terminou em 1953. Mesmo com o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética, a Coréia do Norte continua fechada ao capitalismo e à democracia.
O encontro pode indicar uma possível abertura política da Coréia do Norte, que atravessa uma grave crise econômica neste momento. Sinal disso foi o encontro, na última quinta-feira, entre o ministro das Relações Exteriores, Paek Nam-Sun, e o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Paek declarou que o diálogo com Washington se restabeleceu e acrescentou que seu país espera, para breve, a visita de uma delegação do governo norte-americano.
Caso isso venha a acontecer, será a primeira visita oficial de autoridades dos EUA à Coréia do Norte depois que o presidente George W. Bush disse, no início deste ano, que o país asiático fazia parte de um "eixo do mal", junto com o Irã e o Iraque.