São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Aliadas de Kirchner são pivôs de denúncias

DE BUENOS AIRES

A inédita participação das mulheres na política argentina trouxe um efeito colateral indesejado: são justamente elas as protagonistas das recentes denúncias de irregularidade contra o governo Kirchner.
Desde que foi lançada a candidatura de Cristina Fernández de Kirchner, surgiram denúncias contra as ministras Felisa Miceli (Economia) e Nilda Garré (Defesa) e a secretária de Ambiente, Romina Picolotti.
Miceli perdeu a pasta depois que foi chamada para depor na causa que investiga uma sacola com dinheiro descoberta no banheiro de seu gabinete. Garré, investigada por suposta participação em contrabando de armas, e Picolotti, que teria contratado funcionários de maneira irregular, continuam em seus cargos.
Não é a primeira vez na Argentina em que mulheres obtêm destaque negativo por corrupção: embora o governo de Carlos Menem (1989-1999) seja hoje visto como negativo no que diz respeito à honestidade, a única que foi julgada e condenada por enriquecimento ilícito foi Maria Julia Alsogaray, coincidentemente também secretária de Ambiente.
"Não creio que as mulheres sejam mais corruptas, mas são mais vigiadas. Uma mulher que comete um ato de abuso de poder ou de corrupção é mais rapidamente sancionada pela sociedade. Talvez porque se espere delas uma maior honestidade", afirmou o cientista político Julio Burdman.
Beatríz Kohen, da Associação por Direitos Civis, é mais direta: "As únicas hoje questionadas são as mulheres porque são mais vulneráveis. As mulheres sempre caem".
O governo Kirchner teme o efeito negativo das denúncias contra mulheres sobre a candidatura de Cristina, embora até agora ele não tenha se manifestado das pesquisas.
Por via das dúvidas, a primeira-dama saiu em defesa de Garré, atribuindo a investigação contra ela a "uma manobra defensiva de um juiz que ninguém entende como ainda é juiz", em referência a Guillermo Tiscornia, que chamou a ministra para depor e no dia seguinte teve seu afastamento pedido pelo Conselho de Magistratura por supostamente ter cobrado subornos em outras causas. (RR)


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