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Aliadas de Kirchner são pivôs de denúncias
DE BUENOS AIRES
A inédita participação das
mulheres na política argentina
trouxe um efeito colateral indesejado: são justamente elas
as protagonistas das recentes
denúncias de irregularidade
contra o governo Kirchner.
Desde que foi lançada a candidatura de Cristina Fernández
de Kirchner, surgiram denúncias contra as ministras Felisa
Miceli (Economia) e Nilda Garré (Defesa) e a secretária de
Ambiente, Romina Picolotti.
Miceli perdeu a pasta depois
que foi chamada para depor na
causa que investiga uma sacola
com dinheiro descoberta no
banheiro de seu gabinete. Garré, investigada por suposta participação em contrabando de
armas, e Picolotti, que teria
contratado funcionários de
maneira irregular, continuam
em seus cargos.
Não é a primeira vez na Argentina em que mulheres obtêm destaque negativo por corrupção: embora o governo de
Carlos Menem (1989-1999) seja hoje visto como negativo no
que diz respeito à honestidade,
a única que foi julgada e condenada por enriquecimento ilícito foi Maria Julia Alsogaray,
coincidentemente também secretária de Ambiente.
"Não creio que as mulheres
sejam mais corruptas, mas são
mais vigiadas. Uma mulher que
comete um ato de abuso de poder ou de corrupção é mais rapidamente sancionada pela sociedade. Talvez porque se espere delas uma maior honestidade", afirmou o cientista político
Julio Burdman.
Beatríz Kohen, da Associação por Direitos Civis, é mais
direta: "As únicas hoje questionadas são as mulheres porque
são mais vulneráveis. As mulheres sempre caem".
O governo Kirchner teme o
efeito negativo das denúncias
contra mulheres sobre a candidatura de Cristina, embora até
agora ele não tenha se manifestado das pesquisas.
Por via das dúvidas, a primeira-dama saiu em defesa de Garré, atribuindo a investigação
contra ela a "uma manobra defensiva de um juiz que ninguém
entende como ainda é juiz", em
referência a Guillermo Tiscornia, que chamou a ministra para depor e no dia seguinte teve
seu afastamento pedido pelo
Conselho de Magistratura por
supostamente ter cobrado subornos em outras causas.
(RR)
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