São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ENERGIA EM FOCO

EUA não dependerão de óleo alheio em 10 anos, diz Obama

Prazo é menor que o de McCain, que prevê auto-suficiência energética em 2025

Em discurso em Michigan, candidato revê restrições a exploração em alto mar e prega uso de reserva para baixar preço da gasolina


Al Goldis/Associated Press
O candidato democrata Barack Obama, que completou ontem 47 anos, faz discurso sobre energia na cidade de Lansing, em Michigan

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O democrata Barack Obama afirmou ontem que, se for eleito presidente dos EUA, em dez anos o país não precisará mais importar combustível do Oriente Médio e da Venezuela.
Em discurso sobre soluções para a dependência de petróleo, em Michigan, ele também apresentou nova visão sobre o uso do estoque de combustível do país. Sugeriu que o governo venda 70 milhões de barris, quase 10% do total de sua reserva estratégica, para baixar o preço da gasolina -que custa o equivalente a cerca de R$ 1,70 o litro nos EUA hoje, muito acima do que o consumidor do país está acostumado a pagar.
Em outra atitude "vira-casaca" -como os adversários costumam classificar suas mudanças de discurso- Obama reforçou que admite explorar petróleo em alto-mar, algo que criticava até a semana passada.
Ele ressaltou, contudo, que, além de ser preciso tomar precauções sobre impacto ambiental da exploração, essa é uma solução de longo prazo, e será necessário tomar medidas que ofereçam alívio mais breve ao bolso do consumidor.
Para isso, Obama propõe investimentos de US$ 150 bilhões em combustíveis alternativos nos próximos dez anos, que devem gerar, segundo ele, cinco milhões de "empregos verdes".
A criação de vagas é assunto prioritário em Michigan. Prejudicado pela crise da indústria automotiva, que o fez perder muitos postos de trabalho, o Estado vê equilíbrio na preferência entre Obama e o republicano John McCain, segundo pesquisas de intenção de voto.

Vício
No evento, Obama emulou o presidente George W. Bush, que no discurso anual do Estado da União em 2006 disse que o país estava "viciado em petróleo" e que era preciso buscar outras fontes energéticas -nesse pronunciamento, Bush prometia reduzir a dependência americana de petróleo importado em 75% em 2025; já McCain promete a auto-suficiência para este ano.
"Acabar com nosso vício em petróleo é um dos maiores desafios que nossa geração irá encarar na vida. E isso exigirá nada menos que uma completa transformação em nossa economia", declarou Obama.
O democrata também defendeu que as petroleiras repassem parte de seus lucros às famílias americanas, para compensar os gastos destas com combustíveis. E disse que é possível reduzir as emissões de gases poluentes nos EUA em 80% até o ano de 2050.

Obama contra-ataca
O candidato democrata, que completou ontem 47 anos -McCain fará 72 em breve, configurando a maior diferença etária entre dois principais candidatos à Casa Branca- lançou um anúncio de TV com críticas duras ao rival, depois de uma seqüência de peças do republicano que o atacavam.
No vídeo, ele acusa McCain de "estar no bolso" das petroleiras por ter recebido doações do setor. O republicano reagiu: disse que Obama é quem recebeu as maiores doações das petroleiras -nos EUA, só se permite doação direta de pessoa física e o contribuinte têm de informar onde trabalha ao depositar o dinheiro.
Nos últimos dias, a campanha de McCain havia lançado uma série de vídeos contra Obama. Em um deles, disse que o democrata é uma celebridade vazia, como a cantora Britney Spears e a socialite Paris Hilton. Em outro, insinuou que Obama se vê como Moisés.
Na peça mais recente, com foco nos eleitores hispânicos dos Estados Unidos, acusa Obama de ter se esquecido da América Latina, por incluir só Europa e Oriente Médio em sua viagem internacional.


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