São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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Crise política atrasa reconstrução do Haiti

Há três meses no poder, presidente Michel Martelly não consegue indicar premiê; países doadores se afastam

Autoridades haitianas temem que impasse político resulte em violência nas ruas com chegada de furacões

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

Uma grave crise política impede há três meses o presidente haitiano, Michel Martelly, de indicar um premiê e afasta doações internacionais necessárias para a reconstrução do país após o terremoto de janeiro de 2010.
Martelly, ou "Sweet Micky" -famoso músico de kompa (ritmo popular do Haiti)-, foi eleito no último mês de abril e já teve duas sugestões de nomes de premiês rejeitadas pelo Parlamento. O último deles foi o ex-ministro da Justiça Bernard Gousse, vetado anteontem no Senado.
O músico foi eleito como alternativa "anticorrupção" ao candidato da situação Jude Célestin -afastado após suposta fraude eleitoral- e à opositora Leslie Manigat.
Contudo chegou ao poder sem apoio no Parlamento (seu partido só tem duas das 99 vagas de deputado e nenhum senador).
Sem um ministério formado, Martelly depende da equipe técnica do ex-presidente René Préval para tocar obras de reconstrução do país.
"Os trabalhos de reconstrução do Haiti não pararam, mas estão andando lentamente. Isso é um assunto interno do Haiti no qual o Brasil não pode se meter, mas esperamos que a solução venha rápido", disse o embaixador brasileiro Igor Kipman.
A Folha apurou que os países doadores aguardam a resolução do impasse político para continuar a liberar os cerca de US$ 10 bilhões (R$ 15,8 bilhões) prometidos.
Desde o terremoto em 2010, apenas US$ 335 milhões (R$ 530 milhões) em doações foram repassados ao Haiti.
Autoridades locais temem que o impasse político resulte em violência nas ruas, principalmente porque o país vive o início da temporada de furacões. Ontem, a tempestade tropical Emily causou fortes chuvas no Haiti.
Um ano e meio após o terremoto que deixou mais de 300 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados, ao menos 600 mil haitianos ainda vivem em acampamentos improvisados, segundo estimativas da ONU.
Em 2008, o governo Préval passou por crise política semelhante, ficando cinco meses sem premiê. Para analistas, a crise atual não deve se resolver até setembro, pois o processo de escolha do premiê é muito burocrático.


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