São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Presidente pedirá autorização do Congresso para ação contra o Iraque e inicia ofensiva internacional

Bush busca apoio interno e externo a ataque

Doug Mills/Associated Press
O presidente George W. Bush (dir.) se reúne com congressistas na Casa Branca para discutir possível ação militar contra o Iraque


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, iniciou ontem uma campanha para conseguir apoio entre os americanos e no exterior para depor Saddam Hussein, dizendo que o ditador iraquiano está desafiando o mundo ao desenvolver armas químicas, biológicas e nucleares. Ele prometeu ainda que pedirá a aprovação do Congresso para qualquer ação.
Rebatendo as críticas de que faltam argumentos para uma ação militar contra o Iraque, Bush disse que os apresentará em um discurso no dia 12 de setembro na ONU (Organização das Nações Unidas) e em conversas com líderes de Reino Unido, Rússia, China, França (países que, como os EUA, têm direito de veto no Conselho de Segurança da ONU) e Canadá.
Enquanto seus assessores mais próximos dizem que Bush ainda não tomou uma decisão sobre uma ação militar, o presidente se reuniu ontem com congressistas na Casa Branca para discutir a questão do Iraque e seus supostos programas de armamentos. Bush entregou aos congressistas uma carta na qual explica sua motivação.
Após o encontro, afirmou: "Não fazer nada sobre essa séria ameaça não é uma opção".
Segundo o líder democrata no Senado, Tom Daschle, a aprovação a um ataque no Congresso pode ocorrer em poucas semanas.
"Abordaremos a questão antes do recesso", disse Daschle. O Congresso entra em recesso no dia 5 de outubro para permitir aos congressistas retornar às suas bases para a eleição parlamentar de novembro.
Pouco antes do encontro de Bush com os congressistas, foi divulgado um plano dos EUA de enviar tanques e armamentos pesados para o Oriente Médio neste mês, aumentando o temor de um ataque próximo.
Saddam Hussein, que nega as acusações de que estaria desenvolvendo armas de destruição em massa e colaborando com grupos terroristas, afirmou ontem que não deseja a guerra, mas que derrotará qualquer tentativa dos EUA de derrubá-lo. "Se Deus determinar que devemos lutar, nós não desapontaremos", disse ele a um grupo de parlamentares árabes em Bagdá.
Antes, segundo a TV estatal iraquiana, Saddam disse que quer uma "solução compreensiva que inclua o fim das sanções impostas pelas resoluções do Conselho de Segurança".
O Iraque quer o fim das sanções econômicas e das zonas de exclusão aérea estabelecidas após o fim da Guerra do Golfo (1991) como condição para permitir o retorno das inspeções de armamentos da ONU, interrompidas em 1998.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, classificou de "total disparate" a negativa do Iraque de que esteja desenvolvendo armas de destruição em massa.
Powell, que participa da cúpula Rio +10, em Johannesburgo (África do Sul), onde tenta convencer aliados americanos sobre a necessidade de tomar medidas contra o Iraque, disse que a ONU deve obrigar Bagdá a permitir a volta das inspeções de armas, mas somente como um meio de mobilizar o apoio internacional para outras medidas se o país se recusar.
Bush deve se encontrar no sábado com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em Camp David (EUA), e na segunda-feira com o premiê canadense, Jean Chrétien, em Detroit (EUA), para discutir a crise com o Iraque. O presidente americano disse ainda que manterá contatos telefônicos com os líderes de China, Rússia e França. "Durante 11 longos anos Saddam Hussein tem fugido, se escondido e chantageado com todos os acordos que ele fez", disse Bush em entrevista coletiva ontem em Washington.

Com agências internacionais

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