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Tentativa de perpetuação é malvista nos EUA
DA SUCURSAL DO RIO
Se passar pelo crivo da Corte
Constitucional colombiana, o
referendo sobre o terceiro
mandato de Álvaro Uribe criará
um sério problema de imagem
-e político-para seus defensores nos Estados Unidos, de
acordo com observadores americanos da América Latina ouvidos pela Folha.
No entanto, um eventual terceiro mandato em nada mudará o acordo militar entre os
dois países, recém-ampliado
para possibilitar o uso de sete
bases colombianas pelos EUA.
O que deve ser afetado é o já
lento exame, pelo Congresso
americano, do Tratado de Livre
Comércio assinado entre Uribe
e o ex-presidente George W.
Bush em 2006.
Oficialmente, os congressistas americanos vêm adiando a
ratificação do tratado com base
em preocupações com o respeito aos direitos humanos e trabalhistas na Colômbia. Mas o
atraso é fruto também do aumento das tendências protecionistas desde o início da crise
econômico-financeira.
Até o momento, a imagem de
Uribe entre uma maioria dos
chamados formadores de opinião nos EUA vem se beneficiando de sua disputa com o colega venezuelano Hugo Chávez, que replica em nível regional as posições divergentes dos
dois em relação ao papel americano na região.
Mas Michael Shifter, do centro de estudos Inter-American
Dialogue, com sede em Washington, diz que isso pode mudar. Ele lembra que o jornal
"Washington Post", crítico de
Chávez e apoiador de Uribe,
pediu em editorial que o colombiano desistisse de continuar no cargo.
"Nos EUA é difícil encontrar
qualquer pessoa que considere
o terceiro mandato uma boa
ideia. Há críticas em todo o espectro político. Não apenas em
Washington, mas também em
Wall Street", afirma Shifter,
que está em visita a Bogotá.
Para ele, a nova reeleição feriria interesses colombianos
nos EUA. "Os críticos de Uribe
ganharão força, e seus apoiadores no Congresso ficarão enfraquecidos. Ficará difícil argumentar que Uribe é um democrata e Chávez não é."
Na mesma linha vai Larry
Birns, do Conselho de Assuntos Hemisféricos, de orientação à esquerda do Inter-American Dialogue: "O que o governo
[Barack] Obama terá a dizer se
o assassinato de líderes sindicais colombianos continuar e
Uribe partir para o terceiro
mandato, algo que Washington
denuncia com veemência
quando se trata de Chávez?"
Na verdade, o governo Obama reagiu com discrição ao referendo que, em fevereiro, acabou com os limites de mandato
para cargos executivos na Venezuela. Mas a relação com o
presidente venezuelano voltou
a se complicar com o anúncio
da ampliação do acordo militar
com a Colômbia.
Sobre as bases, Shifter não
tem dúvidas de que nada mudará: "A Colômbia continuará
sendo importante para os EUA,
mesmo que Uribe fique no cargo. Afinal, os EUA estão muito
envolvidos na Colômbia primeiramente por interesse próprio, e não por altruísmo".
(CLAUDIA ANTUNES)
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