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memória
Cidade virou um campo de batalha em julho
DE PEQUIM
O assassinato de uigures
numa fábrica no sul da China
em junho foi o estopim para
a violência em Urumqi.
Um funcionário han, que
perdeu o emprego após a
chegada dos uigures, espalhou que os muçulmanos estavam estuprando moças
chinesas. Houve linchamento na fábrica, e pelo menos
dois uigures foram mortos.
Um mês depois, centenas
de uigures protestaram em
Urumqi contra a falta de punição aos responsáveis. A polícia reprimiu a passeata, e
Urumqi virou um campo de
batalha.
Testemunhas dizem que
centenas de uigures se uniram aos manifestantes e começaram a atacar com facas
e porretes qualquer chinês
han que vissem pelas ruas.
No dia seguinte, grupos de
han atacaram uigures e destruíram suas lojas.
Houve toque de recolher
por uma semana, inclusive
com feriado e proibição de
circulação de carros nas ruas
de Urumqi. Cerca de 200
pessoas foram presas e
aguardam julgamento.
O conflito étnico ultrapassou as fronteiras do país. Em
julho, o governo turco acusou a "repressão violenta"
contra os uigures na China.
Já Pequim acusou a dissidente Rebiya Kadeer, 62, que
lidera um movimento pela
independência de Xinjiang,
de instigar a violência.
Kadeer deixou o país há
quatro anos, depois de passar
seis anos na cadeia por "promover o separatismo". Empresária, ela chegou a ser retratada como exemplo do sucesso da política para minorias étnicas pelo Partido Comunista, antes de se tornar
inimiga oficial.
O Festival de Cinema de
Melbourne apresentou no
mês passado documentário
sobre Kadeer, e Pequim criticou duramente o governo
australiano por dar visto para ela visitar o país.
O site do festival foi atacado por internautas chineses,
e cineastas da China cancelaram sua participação no
evento. Visitas de ministros
chineses a Canberra foram
canceladas, como retaliação.
A Austrália, porém, insistiu
em que não cercearia a liberdade de expressão.
(RJL)
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