São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

memória

Cidade virou um campo de batalha em julho

DE PEQUIM

O assassinato de uigures numa fábrica no sul da China em junho foi o estopim para a violência em Urumqi.
Um funcionário han, que perdeu o emprego após a chegada dos uigures, espalhou que os muçulmanos estavam estuprando moças chinesas. Houve linchamento na fábrica, e pelo menos dois uigures foram mortos.
Um mês depois, centenas de uigures protestaram em Urumqi contra a falta de punição aos responsáveis. A polícia reprimiu a passeata, e Urumqi virou um campo de batalha.
Testemunhas dizem que centenas de uigures se uniram aos manifestantes e começaram a atacar com facas e porretes qualquer chinês han que vissem pelas ruas.
No dia seguinte, grupos de han atacaram uigures e destruíram suas lojas.
Houve toque de recolher por uma semana, inclusive com feriado e proibição de circulação de carros nas ruas de Urumqi. Cerca de 200 pessoas foram presas e aguardam julgamento.
O conflito étnico ultrapassou as fronteiras do país. Em julho, o governo turco acusou a "repressão violenta" contra os uigures na China. Já Pequim acusou a dissidente Rebiya Kadeer, 62, que lidera um movimento pela independência de Xinjiang, de instigar a violência.
Kadeer deixou o país há quatro anos, depois de passar seis anos na cadeia por "promover o separatismo". Empresária, ela chegou a ser retratada como exemplo do sucesso da política para minorias étnicas pelo Partido Comunista, antes de se tornar inimiga oficial.
O Festival de Cinema de Melbourne apresentou no mês passado documentário sobre Kadeer, e Pequim criticou duramente o governo australiano por dar visto para ela visitar o país.
O site do festival foi atacado por internautas chineses, e cineastas da China cancelaram sua participação no evento. Visitas de ministros chineses a Canberra foram canceladas, como retaliação. A Austrália, porém, insistiu em que não cercearia a liberdade de expressão. (RJL)


Texto Anterior: Novos protestos no oeste da China deixam cinco mortos
Próximo Texto: Israel expandirá colônias antes de paralisação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.