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Novos protestos no oeste da China deixam cinco mortos
Dois meses após conflitos étnicos que mataram 200, Xinjiang vive novos dias de tensão
Membros da etnia han saem às ruas pelo 2º dia para protestar contra suposta onda de ataques com seringas feitos por uigures
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Cinco pessoas morreram, e
14 ficaram feridas durante protestos por mais segurança em
Urumqi, capital da Província de
Xinjiang, extremo oeste da China, na quinta-feira.
"Houve cinco mortos, incluídas duas pessoas inocentes",
disse o vice-prefeito de Urumqi, Zhang Hong, em entrevista
coletiva ontem, sem querer explicar o que quis dizer com
"inocente", nem revelar as
identidades das vítimas.
Centenas de chineses voltaram ontem às ruas de Urumqi
pelo segundo dia consecutivo
para acusar o governo de não
oferecer proteção aos chineses
da maioria han contra ataques
da minoria étnica uigur.
O ministro chinês da Segurança Pública foi enviado para
Urumqi para coordenar a repressão ao movimento. Há dois
meses, Urumqi foi cenário dos
mais violentos confrontos étnicos da China na última década,
com quase 200 mortos.
O governo chinês havia proibido "manifestações não autorizadas", depois de uma passeata ter reunido 2.000 pessoas na
quinta-feira. A multidão desafiou a proibição e voltou a pedir
a renúncia do secretário-geral
do Partido Comunista em Xinjiang, Wang Lequan.
Foram dispersados com gás
lacrimogêneo. Há 20 mil militares e paramilitares nas ruas
de Urumqi.
Os protestos aconteceram
após onda de ataques a cidadãos comuns feitos com seringas. A TV estatal de Xinjiang
disse que 531 pessoas procuraram hospitais, alegando ter sido atacadas a seringadas na última semana, das quais 106 tinham ferimentos. Há 20 presos
acusados pelos ataques.
Boatos diziam que as seringas estariam contaminadas
com o vírus HIV, segundo vários manifestantes que acusavam a minoria uigur de atacar
impunemente os chineses.
O distúrbio inicial começou
em 5 de julho, quando a polícia
enfrentou manifestantes uigures que protestavam pelo pouco caso do governo ao assassinato de uigures no sul da China.
A tensão na Província existe
há décadas. Até ser conquistada
pelos comunistas chineses em
1949, Xinjiang tinha 90% de
população uigur, etnia muçulmana de língua turca que nunca se misturou com os chineses
han, nem nas últimas décadas.
Eles alegam que são tratados
como cidadãos de segunda classe e que perdem oportunidades
de emprego e de negócios para
os milhares de chineses han enviados para povoar a região, rica em gás e petróleo.
Em prova da preocupação
crescente com o conflito étnico
na região, Pequim enviou ontem a Urumqi o ministro da Segurança Pública da China,
Meng Jianzhu. Ele coordenará
pessoalmente o esforço para
"acalmar a situação", segundo a
agência estatal Xinhua.
Meng disse que os governos
locais e os comitês do Partido
Comunista em todos os níveis
precisam "restaurar a ordem
social o mais rápido possível".
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