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Aumento da renda eleva IDH do Brasil
País se manteve estável, no entanto, no ranking que compara o desenvolvimento humano de 182 nações, na 75ª posição
De 2006 para 2007, o IDH brasileiro passou de 0,808 para 0,813; valores acima de 0,800 representam "alto desenvolvimento humano"
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Impulsionado mais uma vez
pelo aumento na renda, o Brasil
registrou uma melhora em seu
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas permaneceu estável no ranking de nações elaborado anualmente pelo Pnud (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento), na 75ª posição.
O IDH varia de 0 a 1 e tenta
medir o desenvolvimento humano dos 182 países comparados a partir de três dimensões:
saúde, educação e PIB per capita. De 2006 para 2007 (os relatórios sempre se referem a dois
anos antes), o IDH brasileiro
variou de 0,808 para 0,813. Um
valor acima de 0,800 é considerado nível de alto desenvolvimento humano.
Neste ano, o tema principal
do relatório foi migração. Para
facilitar as análises sobre este
tópico, pela primeira vez, o
Pnud separou nações com IDH
acima de 0,900 num grupo
considerado de muito alto desenvolvimento humano.
Fazem parte desta elite, que
concentra a maioria dos imigrantes, 38 países, liderados
por Noruega (0,971), Austrália
(0,970) e Islândia (0,969).
Na base do ranking encontram-se Níger (0,340), Afeganistão (0,352) e Serra Leoa
(0,365). O Pnud destaca que
uma criança que nascer hoje
em Níger terá expectativa de viver apenas até os 51 anos, enquanto uma norueguesa deverá
chegar aos 81.
"Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas
décadas devido às retrações
econômicas, crises induzidas
por conflitos e epidemias de
HIV", afirma a principal autora
do relatório deste ano, Jeni
Klugman.
Como os dados divulgados no
relatório deste ano vão somente até 2007, ainda não é possível mensurar o impacto da crise econômica mundial, iniciada
no fim do ano passado.
Alison Kennedy, chefe da
equipe de estatística do IDH,
no entanto, diz esperar que os
efeitos não sejam tão grandes:
"O PIB per capita de muitos
países pode ter sido bastante
afetado, mas os indicadores de
saúde e educação não reagem
tão rapidamente a crises, o que
poderá fazer com que a oscilação não seja tão significativa."
Brasil
Os indicadores brasileiros no
IDH serão detalhados hoje pelo
escritório do Pnud no país,
mas, na comparação com o relatório de 2008, é possível verificar que o avanço se deu principalmente por causa do PIB
per capita.
Educação e saúde também
melhoraram, mas em ritmo
menor, já que o analfabetismo
adulto tem caído pouco no país
e a expectativa de vida ao nascer (único componente do índice de saúde) não costuma sofrer oscilações bruscas de um
ano para o outro.
Além do próprio IDH, o Relatório de Desenvolvimento Humano permite comparar outros indicadores.
É possível destacar, por
exemplo, que apesar de ter registrado queda na desigualdade
desde o início da década, o Brasil ainda permanece no grupo
de dez países mais desiguais do
relatório, atrás apenas de Namíbia, Ilhas Comores, Botsuana, Haiti, Angola, Colômbia,
Bolívia, África do Sul e Honduras. No Brasil, os 10% mais ricos detêm 43% da riqueza nacional, enquanto os 10% mais
pobres, apenas 1%.
Na Noruega, país que lidera o
ranking, os 10% mais ricos concentram 23% da riqueza, enquanto os 10% mais pobres respondem por 4%.
Outro indicador em que o
Brasil destoa dos líderes é o investimento público em educação e saúde. Noruega, Austrália
e Islândia investem, respectivamente, 35%, 31% e 36% de
seu gasto público nessas áreas.
No Brasil, a proporção é de
apenas 22%. O maior desnível
acontece na saúde, setor em
que o Brasil investe 7% dos gastos, menos da metade do que
Noruega (18%), Austrália (17%)
e Islândia (18%).
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