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Relação é condicionada
a empregos
DA SUCURSAL DO RIO
O direito à mobilidade reivindicado pelo Pnud esbarra
nos efeitos da crise econômica, que tende a aumentar a
rejeição aos imigrantes,
principalmente nos países
onde houve aumento do desemprego. O relatório "Ultrapassar barreiras" usa como medida dessa rejeição
pesquisa sobre valores feita
em 46 países. Em metade
desses, incluindo o Brasil,
perto de 50% ou mais dos entrevistados defenderam a
imposição de limites ou a
proibição da imigração.
A outra opção mais votada
em todos os países, e majoritária em 17, foi "deixe as pessoas virem, desde que haja
empregos". Em apenas seis
países, entre eles Vietnã,
Marrocos e Etiópia, mais de
30% optaram por "deixar vir
quem quiser".
A desconfiança no Brasil
em relação a trabalhadores
estrangeiros chama atenção
porque, proporcionalmente,
o país não se destaca no relatório nem como receptador
de imigrantes nem como origem de emigrantes.
A taxa de emigração em relação ao total da população
brasileira é calculada pelo
Pnud em 0,5%, contra média
mundial de 3%. A proporção
de imigrantes na população
caiu 1,6% ao ano desde 1960 e
é estimada em 0,4% -taxa
que, entre os 44 países de alto desenvolvimento humano, só é maior do que as de
Cuba, Colômbia e Peru.
"[A rejeição] é um fato político que tem de ser levado
em conta, mas nosso objetivo é confrontar as percepções com a realidade", diz
Francisco Rodríguez, chefe
da equipe de pesquisas do relatório. Ele aponta os vários
estudos que mostram que,
em geral, os imigrantes não
tiram empregos dos nacionais, não oneram em demasia os serviços públicos e têm
impacto positivo no recolhimento de impostos.
O documento do Pnud, no
entanto, não reivindica a liberalização total das migrações entre países, reconhecendo que ela seria impraticável em termos políticos.
As propostas enumeradas
incluem facilitar a entrada
de trabalhadores pouco qualificados -hoje a maioria dos
países privilegia imigrantes
com alta qualificação-, reduzir os custos envolvidos
nos movimentos migratórios
e garantir os direitos humanos básicos dos imigrantes.
Apenas 41 países ratificaram a Convenção Internacional sobre a Proteção aos
Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e suas
Famílias, de 1990. O Brasil,
ao contrário da maioria dos
vizinhos na América do Sul,
não está no grupo.
(CA)
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