São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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Zelaya crê em restituição nesta semana

Otimismo é pela chegada, nos próximos dias, de missão da OEA que irá mediar negociação com o governo interino

Presidente deposto, que hoje completa 100 dias fora do poder, exige fim do cerco à embaixada brasileira para retornar ao diálogo

FABIANO MAISONNAVE
ANA FLOR
ENVIADOS ESPECIAIS A TEGUCIGALPA

A dois dias da chegada da missão de alto nível da OEA, o presidente deposto, Manuel Zelaya, exige o fim do cerco à Embaixada do Brasil em Honduras para voltar ao diálogo com o governo interino, mas está otimista em que seja restituído ao poder ainda nesta semana. Em entrevista à Folha, o assessor de Zelaya, Carlos Eduardo Reyna, afirmou ainda que é preciso revisar o Acordo de San José, nome dado à proposta do presidente e mediador da crise, Óscar Arias, que prevê uma volta condicionada de Zelaya, que hoje completa cem dias fora da Presidência. Reyna diz que é preciso alterar temas para que o acordo, idealizado em julho, seja "operacionalmente possível", como não mais antecipar em um mês as eleições gerais de 29 de novembro. "Os temas de fundo não teriam maiores mudanças", afirmou ele. Sobre a convocação de uma nova Constituinte -pivô da crise que levou à deposição de Zelaya-, Reyna diz que só seria impulsada no ano vem, depois do fim do mandato de Zelaya, em janeiro. "Que seja no próximo governo, com o trabalho e a força da Resistência [defensores da convocação], para que se chegue a um consenso e se instale a nova Constituição." Zelaya completa hoje duas semanas abrigado na embaixada brasileira, que continua sob forte cerco militar. Segundo o assessor, isso inviabiliza o começo das negociações, já que a entrada de seus negociadores não está permitida. Reyna afirmou que existe uma grande expectativa para que tudo seja resolvido até a próxima semana, sob a pena de que a campanha eleitoral fique inviabilizada. Os preparativos para missão de alto nível da OEA continuam. Ontem, integrantes da missão avançada entidade, que prepara o encontro de chanceleres de quarta-feira, se reuniu com diplomatas em Tegucigalpa. O encontro ocorreu na Embaixada do México. Foram discutidas apenas questões logísticas para a visita oficial. Segundo Víctor Rico, secretário de Assuntos Políticos da Organização de Estados Americanos (OEA), o entrave continua sendo a volta ou não de Zelaya à presidência. "Esse é um ponto que até o momento travou a possibilidade de acordo." Os chanceleres chegam na quarta-feira e devem ficar no país por um dia e meio. Em Bruxelas, o chanceler Celso Amorim avaliou que o clima começa a se amenizar e já vê espaço para diálogo entre Zelaya e o governo golpista de Roberto Micheletti. "Todas as coisas que temos ouvido indicam disposição de negociar", disse o chanceler. "Espero que em breve se possa comprovar o que sempre dissemos e que outros disseram: que a presença do presidente Zelaya é um fator que contribui para que haja um diálogo e se saia da estagnação", afirmou. Indagado sobre o tema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quis comentar. "Para mim, Honduras agora é problema da OEA."


Colaborou LUCIANA COELHO, em Bruxelas

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