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Zelaya crê em restituição nesta semana
Otimismo é pela chegada, nos próximos dias, de missão da OEA que irá mediar negociação com o governo interino
Presidente deposto, que hoje completa 100 dias fora do poder, exige fim do cerco à embaixada brasileira
para retornar ao diálogo
FABIANO MAISONNAVE
ANA FLOR
ENVIADOS ESPECIAIS A TEGUCIGALPA
A dois dias da chegada da
missão de alto nível da OEA, o
presidente deposto, Manuel
Zelaya, exige o fim do cerco à
Embaixada do Brasil em Honduras para voltar ao diálogo
com o governo interino, mas
está otimista em que seja restituído ao poder ainda nesta semana.
Em entrevista à Folha, o assessor de Zelaya, Carlos Eduardo Reyna, afirmou ainda que é
preciso revisar o Acordo de San
José, nome dado à proposta do
presidente e mediador da crise,
Óscar Arias, que prevê uma
volta condicionada de Zelaya,
que hoje completa cem dias fora da Presidência.
Reyna diz que é preciso alterar temas para que o acordo,
idealizado em julho, seja "operacionalmente possível", como
não mais antecipar em um mês
as eleições gerais de 29 de novembro. "Os temas de fundo
não teriam maiores mudanças", afirmou ele.
Sobre a convocação de uma
nova Constituinte -pivô da
crise que levou à deposição de
Zelaya-, Reyna diz que só seria
impulsada no ano vem, depois
do fim do mandato de Zelaya,
em janeiro. "Que seja no próximo governo, com o trabalho e a
força da Resistência [defensores da convocação], para que se
chegue a um consenso e se instale a nova Constituição."
Zelaya completa hoje duas
semanas abrigado na embaixada brasileira, que continua sob
forte cerco militar. Segundo o
assessor, isso inviabiliza o começo das negociações, já que a
entrada de seus negociadores
não está permitida. Reyna afirmou que existe uma grande expectativa para que tudo seja resolvido até a próxima semana,
sob a pena de que a campanha
eleitoral fique inviabilizada.
Os preparativos para missão
de alto nível da OEA continuam. Ontem, integrantes da
missão avançada entidade, que
prepara o encontro de chanceleres de quarta-feira, se reuniu
com diplomatas em Tegucigalpa. O encontro ocorreu na Embaixada do México. Foram discutidas apenas questões logísticas para a visita oficial.
Segundo Víctor Rico, secretário de Assuntos Políticos da
Organização de Estados Americanos (OEA), o entrave continua sendo a volta ou não de Zelaya à presidência. "Esse é um
ponto que até o momento travou a possibilidade de acordo."
Os chanceleres chegam na
quarta-feira e devem ficar no
país por um dia e meio.
Em Bruxelas, o chanceler
Celso Amorim avaliou que o
clima começa a se amenizar e
já vê espaço para diálogo entre
Zelaya e o governo golpista de
Roberto Micheletti.
"Todas as coisas que temos
ouvido indicam disposição de
negociar", disse o chanceler.
"Espero que em breve se possa
comprovar o que sempre dissemos e que outros disseram: que
a presença do presidente Zelaya é um fator que contribui para que haja um diálogo e se saia
da estagnação", afirmou.
Indagado sobre o tema, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não quis comentar. "Para
mim, Honduras agora é problema da OEA."
Colaborou LUCIANA COELHO, em Bruxelas
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