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Após rebelião, Correa sinaliza recuo
Presidente do Equador analisará mudanças na lei que retirou de policiais benefícios, principal causa do motim
Líder da bancada do governo afirma que nenhum ponto da lei sobre serviço público é considerado "intocável"
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL
A QUITO (EQUADOR)
O governo Rafael Correa e
seus parlamentares na Assembleia Nacional anunciaram ontem que o Parlamento
analisará projeto para reformar a controversa lei de serviços públicos, estopim de
um motim policial na semana passada.
A ministra da Coordenação Política, Doris Soliz, havia dito à Folha, no sábado,
que a reforma da lei seria a
oportunidade para "revisar
as reivindicações de policiais
e militares em termos econômicos" e precisar pontos da
lei, como o pagamento de
aposentadorias com títulos
do Estado.
Soliz também confirmou,
em comunicado, que o presidente descarta, no momento,
acionar a "morte cruzada", a
dissolução da Assembleia e
convocação de eleições.
Ontem, o líder da bancada
do governista Aliança País,
Juan Carlos Cassinelli, disse
que nenhum ponto da legislação sobre o serviço público
é considerado intocável.
"As bonificações por condecoração a policiais e militares foram retiradas porque
se considerou um conceito
de igualdade. Mas, se avaliarmos que não é assim, pode ser modificado. Depois de
um momento tão complicado, é um tema a discutir",
disse Cassinelli.
O presidente da Assembleia, o governista Fernando
Cordero, também foi conciliador. Por videoconferência
transmitida desde Genebra,
afirmou que se poderia obter
"vantagens da crise" revisando a lei e abrindo "um diálogo nacional".
Além da lei de serviços públicos, Cordero afirmou que a
também polêmica lei do ensino superior será revisada.
O discursos conciliadores
destoam do tom do presidente Rafael Correa. No sábado,
na TV, ele narrou suas quase
dez horas no hospital da polícia e também de seu resgate
armado.
Explicou detalhes da lei e
insistiu que nela estavam
previstas compensações a
policiais e militares pela retirada de bônus por promoção.
Disse que nenhum artigo seria mudado.
INVESTIGAÇÃO
Ontem, o governo afirmou
que a operação da Polícia Nacional havia sido normalizada em todo o país -onde vigoraria o Estado de exceção
até a 0h de hoje-, ainda que
também tenha divulgado
medidas de segurança para
evitar novos levantes.
Segundo o ministro do Interior, Gustavo Jalkh, os policiais do Regimento 1 de Quito, palco da sublevação de
quinta, foram distribuídos
entre várias unidades e "já
não comandam grupos. Agora estão sob responsabilidades administrativas, com vigilância interna".
Jalkh também afirmou que
os policiais que utilizam motos, também identificados
em vídeo do motim, tiveram
o porte de arma suspenso.
Segundo a imprensa, o governo prometeu aos militares
que revisaria a lei -o emissário teria sido o ministro da
Defesa, Javier Ponce.
Ao menos uma facção participou da rebelião da semana passada, ainda que o comando militar tenha respaldado o governo.
No dia do levante, Ernesto
González, chefe do Comando
Conjunto das Forças Armadas, anunciou apoio ao presidente.
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