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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Principal aliado da coalizão anglo-americana decide reduzir pessoal diante de onda de violência no Iraque

EUA sofrem mais ataques; Espanha tira civis

DA REDAÇÃO

O governo da Espanha, principal aliado de Washington e Londres na Guerra do Iraque, anunciou ontem que retiraria do país parte de seu corpo diplomático e os civis espanhóis que trabalham para a Autoridade Provisória da Coalizão (APC), diante da onda de violência que atinge a ocupação. Em Bagdá, morteiros atingiram a sede da APC, enquanto outros ataques resultaram na morte de mais dois soldados.
A decisão espanhola foi anunciada pelo premiê José María Aznar. "Não é uma retirada. É uma convocação para consultas e debates", disse ele à imprensa após se reunir com o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder.
Além da representação diplomática e de funcionários da APC, a Espanha mantém no Iraque cerca de 1.300 soldados, a maioria na região centro-sul. O país também doou US$ 300 milhões para a reconstrução iraquiana.
Segundo o primeiro-secretário da Embaixada da Espanha em Bagdá, Pablo Ruperez, os funcionários da representação foram levados para a Jordânia. "A embaixada não foi fechada e não será, é apenas uma redução da equipe administrativa e dos auxiliares."
Cidadãos espanhóis no Iraque afirmam que a segurança na embaixada está aquém da observada nas demais representações européias. Em outubro, um sargento que trabalhava para a inteligência espanhola foi morto a tiros em frente à sua casa, em Bagdá.
Um porta-voz da Chancelaria espanhola, no entanto, afirmou que a decisão não se basearia em questões de segurança e que os funcionários deslocados poderiam voltar posteriormente.
Os ataques da resistência têm visado não apenas soldados da coalizão anglo-americana, mas também organismos internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha, embaixadas -já foram alvejadas a da Jordânia e a da Turquia- e iraquianos que colaboram com as forças de ocupação, sobretudo policiais.

Baixas e explosões
Um especialista em contraterrorismo que discursou ontem no Parlamento britânico afirmou que os ataques da resistência iraquiana devem continuar a se intensificar nos próximos meses.
"Parece haver um comando mais centralizado e um controle da insurgência", disse Jonathan Stevenson, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
Durante a noite, três explosões foram ouvidas em Bagdá perto da sede da administração americana. Segundo a APC, dois morteiros atingiram o complexo. Em Washington, o Pentágono anunciou que houve quatro feridos "da coalizão" no ataque, sem especificar se eram americanos.
Na véspera, uma base militar dos EUA fora atingida por um morteiro, e explosões semelhantes foram ouvidas na área.
Ainda na capital, um soldado americano morreu e dois foram feridos quando o veículo em que estavam passou sobre uma mina em uma estrada. Com a baixa, chegam a 138 os soldados dos EUA mortos em ataques no pós-guerra -o número voltou a ser revisado pelo Comando Central Americano, que anunciou que o ataque a um helicóptero seu no domingo deixou 15 mortos, e não 16 como dissera anteriormente.
O Reino Unido também anunciou a morte de um fuzileiro naval em um ataque, mas não informou onde o incidente ocorreu. A baixa é a 12ª sofrida pelos britânicos em ações hostis no pós-guerra.
Em Mossul (norte), cinco granadas-foguetes atingiram um hotel usado como alojamento pelas forças americanas, sem deixar feridos, e outra alvejou uma delegacia. Na mesma cidade, o juiz Ismail Youssef foi assassinado -outro magistrado fora morto na véspera em Najaf (sul).
O presidente dos EUA, George W. Bush, voltou a afirmar, durante um discurso na Califórnia, que os EUA encontrarão Saddam Hussein, desaparecido desde abril. O comando americano acredita que o fato do ex-ditador iraquiano não ter sido capturado incentive a resistência.
Em Washington, o Congresso deu a aprovação final a um pacote de US$ 87 bilhões para as operações no Iraque e no Afeganistão. Resta a sanção de Bush.


Com agências internacionais

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