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Pela primeira vez segurança muda de mãos na ANP
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
Pela primeira vez em toda a história da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o comando das
forças de segurança saiu das mãos
de Iasser Arafat, deixando claro
que os líderes palestinos começam a estabelecer quem serão os
responsáveis por dirigir os territórios em um primeiro momento.
Em decisão tomada após reunião com a presença de todo o alto escalão palestino na Muqata
(QG) em Ramallah (Cisjordânia),
ficou decidido que o premiê Ahmed Korei terá o controle sobre a
segurança e as finanças da ANP.
Dessa forma, indiretamente,
ocorre o que Israel e os EUA sempre exigiram: a transferência do
controle da segurança para palestina de Arafat para um líder mais
moderado.
A medida também consolida
Korei e o seu antecessor Mahmoud Abbas, também conhecido
como Abu Mazen, como os substitutos de Iasser Arafat na administração do governo palestino,
conforme já vinha sendo especulado desde a semana passada.
Os dois são aliados históricos de
Arafat e integram o Fatah -grupo político de Arafat e majoritário
dentro da OLP (Organização para
a Libertação da Palestina).
Apesar de a lei palestina prever
que o sucessor de Arafat é o inexpressivo presidente do Conselho
Legislativo Palestino, Rawhi Fatouh, Korei e Abu Mazen são os
homens em condições de assumir
ainda que interinamente o comando, segundo o cientista político israelense Gershon Baskin.
"Principalmente se Israel fizer
concessões", mas sem interferir
no processo, acrescenta à Folha o
palestino Philip Mattar, doutor
em Estudos de Oriente Médio pela Universidade Columbia. O risco é que um dos novos líderes seja
visto como pró-Israel pela população palestina.
Muito bem visto em Israel, Abu
Mazen é um moderado, assim como Korei, que não desfruta do
mesmo status entre americanos e
israelenses. Porém nenhum dos
dois terá algum dia o prestígio e o
poder de Arafat. "Ninguém vestirá os sapatos de Arafat", compara
o especialista americano em
Oriente Médio, Dan Peretz.
Abu Mazen, atualmente número dois da OLP, foi premiê palestino por quatro meses durante o
ano de 2003. Aliado histórico de
Arafat, ele chegou a negociar a paz
com americanos e israelenses, o
que melhora as perspectivas de
retomada nas negociações.
Membros da velha guarda palestina, que foram para o exílio e
lá lutaram pela causa palestina
junto com Arafat, Korei e Abu
Mazen nunca tiveram o mesmo
carisma do líder palestino.
Por terem passado a maior parte de suas vidas no exílio, eles não
gozam da mesma popularidade
de outros líderes locais mais jovens, também integrantes do Fatah, como Marwan Barghouti e
Mohammed Dahlam.
Barghouti, que se radicalizou na
Intifada, é o segundo palestino
mais popular, depois de Arafat.
Porém atualmente ele está preso
em Israel sob a acusação de envolvimento com terrorismo.
Dahlam é o homem forte do Fatah em Gaza, onde é muito respeitado, inclusive por grupos islâmicos como o Hamas.
Para o analista Peretz, Barghouti e Dahlam devem evitar confrontos com Korei e Abu Mazen
por enquanto. "Os mais jovens
respeitarão os mais velhos se receberem cargos."
Com agências internacionais
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