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ORIENTE MÉDIO
População acompanha por TV e rádio estado de saúde de líder, que volta a ser visto como herói após doença
Nas ruas, palestinos temem guerra civil
DA REDAÇÃO
Iasser Arafat enfrentava uma
queda na sua popularidade na
Cisjordânia e na faixa de Gaza nos
últimos anos, mas ontem, conforme chegavam notícias de Paris sobre o seu estado, os palestinos começaram a descrevê-lo novamente como o herói da libertação e a
temer pela eclosão de uma guerra
civil na sua ausência.
Parte da população apostava
ontem na possibilidade de uma
luta sangrenta pelo poder caso
fosse confirmada a morte de Arafat, apesar de analistas duvidarem
que em um primeiro momento
haja confrontos muito mais duros
do que os já existentes entre facções rivais.
A maioria das pessoas acompanhou ininterruptamente as notícias sobre o estado de saúde do líder palestino. Nas ruas, TVs estavam ligadas em bares e outras
pessoas escutavam as informações pelo rádio.
"Deus proteja o nosso líder,
Deus proteja o nosso pai", gritava
um membro do Fatah (facção política de Arafat) enquanto dava tiros para o alto em Gaza no meio
de um ato pró-Arafat.
Com todos os sinais indicando a
deterioração do estado de saúde
de Arafat, palestinos começaram
a temer pelo futuro da causa palestina. "Será uma catástrofe se
Abu Ammar [nome de guerra de
Arafat] morrer. Tenho medo que
a causa palestina morra junto",
disse o estudante Hassan Ali, 18.
"Apenas Deus sabe quando ele
morrerá, mas será uma grande
perda e abrirá as portas para um
levante civil", disse Tamam Hamoud, funcionário público de Ramallah (Cisjordânia).
O taxista Abu Hamdi concorda.
"Tenho medo de que haja luta entre os palestinos quando Arafat
estiver ausente. Ninguém pode
resolver problemas em casa [os
territórios palestinos]", afirmou.
Vergonha
Bassam Eid, diretor-executivo
do Palestinian Human Rights
Monitoring Group, disse ontem
em entrevista à Folha que os palestinos continuarão com os seus
ideais independentemente da
morte ou não de Arafat.
"O melhor seria que Arafat se
recuperasse", mas hoje, segundo
ele, os palestinos têm condições
de dar prosseguimento à administração dos territórios.
Assim como outras analistas,
Eid diz que duvida que os grupos
islâmicos opositores, como o Hamas e o Jihad Islâmico, partam
para a violência. "Seria uma vergonha se isso acontecesse."
(GUSTAVO CHACRA)
Com agências internacionais
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