São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

População acompanha por TV e rádio estado de saúde de líder, que volta a ser visto como herói após doença

Nas ruas, palestinos temem guerra civil

DA REDAÇÃO

Iasser Arafat enfrentava uma queda na sua popularidade na Cisjordânia e na faixa de Gaza nos últimos anos, mas ontem, conforme chegavam notícias de Paris sobre o seu estado, os palestinos começaram a descrevê-lo novamente como o herói da libertação e a temer pela eclosão de uma guerra civil na sua ausência.
Parte da população apostava ontem na possibilidade de uma luta sangrenta pelo poder caso fosse confirmada a morte de Arafat, apesar de analistas duvidarem que em um primeiro momento haja confrontos muito mais duros do que os já existentes entre facções rivais.
A maioria das pessoas acompanhou ininterruptamente as notícias sobre o estado de saúde do líder palestino. Nas ruas, TVs estavam ligadas em bares e outras pessoas escutavam as informações pelo rádio.
"Deus proteja o nosso líder, Deus proteja o nosso pai", gritava um membro do Fatah (facção política de Arafat) enquanto dava tiros para o alto em Gaza no meio de um ato pró-Arafat.
Com todos os sinais indicando a deterioração do estado de saúde de Arafat, palestinos começaram a temer pelo futuro da causa palestina. "Será uma catástrofe se Abu Ammar [nome de guerra de Arafat] morrer. Tenho medo que a causa palestina morra junto", disse o estudante Hassan Ali, 18.
"Apenas Deus sabe quando ele morrerá, mas será uma grande perda e abrirá as portas para um levante civil", disse Tamam Hamoud, funcionário público de Ramallah (Cisjordânia).
O taxista Abu Hamdi concorda. "Tenho medo de que haja luta entre os palestinos quando Arafat estiver ausente. Ninguém pode resolver problemas em casa [os territórios palestinos]", afirmou.

Vergonha
Bassam Eid, diretor-executivo do Palestinian Human Rights Monitoring Group, disse ontem em entrevista à Folha que os palestinos continuarão com os seus ideais independentemente da morte ou não de Arafat.
"O melhor seria que Arafat se recuperasse", mas hoje, segundo ele, os palestinos têm condições de dar prosseguimento à administração dos territórios.
Assim como outras analistas, Eid diz que duvida que os grupos islâmicos opositores, como o Hamas e o Jihad Islâmico, partam para a violência. "Seria uma vergonha se isso acontecesse." (GUSTAVO CHACRA)


Com agências internacionais


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