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REELEIÇÃO NOS EUA
Após a vitória, o presidente diz ter "grande fé" no desejo de liberdade das pessoas em todo o mundo
Bush promete "promover a democracia"
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente reeleito dos EUA,
George W. Bush, estabeleceu como ""ponto central" da política externa de seu segundo mandato
transformar Estados autoritários
em governos democráticos.
Bush disse ainda que pretende
retomar a liderança no processo
de paz no Oriente Médio e formar
uma "ampla coalizão" para combater o terrorismo.
"Não faz parte do meu pensamento acreditar que algumas sociedades não possam ser livres.
Promover a democracia no mundo será o ponto central da minha
política externa. Tenho grande fé
em que as pessoas queiram ser livres", disse Bush na primeira entrevista coletiva desde a eleição.
Em um recado claro aos governos no golfo Pérsico e à Coréia do
Norte, Bush garantiu a realizações
de eleições no Iraque em janeiro
próximo e afirmou que elas serão
"um exemplo" que outros países
devem seguir.
"Essa é a melhor maneira de
proteger o nosso país: espalhar a
democracia pelo mundo. E quando um presidente dos EUA fala,
ele precisa ser firme em suas ações
para que suas palavras tenham
credibilidade", afirmou.
Coalizão antiterror
Bush exortou outros países a
criarem uma "ampla coalizão"
para combater o terrorismo.
"Sei que tomei decisões difíceis
para proteger nosso país e sei que
muitas delas não são populares
em outros lugares. Mas todos temos de entrar nisso."
"Qualquer país civilizado tem o
dever de fazer isso, assim como o
de perseguir programas que reduzam a pobreza, a fome e as doenças no mundo", disse, acrescentando que as Nações Unidas devem estar envolvidas nesse processo mais amplo.
Sobre o Iraque, Bush disse que
os EUA vão fazer "o que for preciso, com verbas realistas aprovadas pelo Congresso", para concluir a eleição de janeiro.
Questionado sobre o envio ou a
retirada de tropas, o presidente
respondeu que não tinha "números para discutir".
Bush afirmou que vai se dedicar
ao processo de paz no Oriente
Médio e voltou a defender a criação de um Estado palestino. "Temos uma nova oportunidade pela
frente", afirmou.
No meio da entrevista, o presidente foi informado de que o líder
palestino Iasser Arafat (considerado corrupto e não-confiável por
Bush) havia "morrido", notícia
que posteriormente foi desmentida. "Deus
abençoe a sua alma", declarou.
Segundo Martin Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel e especialista em Oriente Médio, a
saída de cena de Arafat poderá
abrir um "novo caminho"" para o
envolvimento dos EUA no processo de paz na região.
"Derramamento de sangue"
Indyk afirma que os EUA devem "agir rapidamente" se quiserem evitar, como conseqüência
da invasão do Iraque, "um legado
de derramamento de sangue, terror, preços do petróleo nas alturas
e o avanço do extremismo religioso".
"Mais do que com o processo
entre Israel e Palestina, há uma
preocupação generalizada entre
os líderes da região com uma nova força do movimento islâmico
radical, impulsionada pela invasão do Iraque. Essa é a hora de
agir positivamente", diz.
Indyk afirma ainda que os EUA
terão de voltar a dialogar diretamente com o Irã neste segundo
mandato de Bush. "Se o Irã de fato conseguir armas nucleares, haverá uma corrida de outros países
na região na mesma direção. Ela
deve ser detida agora."
Do ponto de vista geral, Philip
Gordon, diretor de política externa do instituto Brookings, de
Washington, afirma que a vitória
de Bush "passará ao mundo a
mensagem de que os EUA são
realmente diferentes", o que pode
abrir divisões irreconciliáveis.
"Havia uma esperança de que
Bush fosse um acidente. Sua vitória mostra que os EUA de fato
mudaram e se tornaram um lugar
conservador. A convivência será
difícil", afirma.
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