São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

A organização humanitária Médicos sem Fronteiras diz que sairá do país em razão de "riscos extremos"

3 soldados britânicos morrem; EUA fazem ataque em Fallujah

Anja Niedringhaus/Associated Press
Marines americanos treinam ao lado de pintura de soldado dos EUA em muro perto de Fallujah


DA REDAÇÃO

Três soldados britânicos morreram e oito ficaram feridos em um ataque suicida ontem na região central do Iraque, para onde tropas do Reino Unido foram enviadas com o objetivo de liberar militares americanos para uma ofensiva em Fallujah. Na cidade, bastião da insurgência contra a coalizão liderada pelos Estados Unidos, americanos começaram a realizar ataques aéreos e de artilharia.
Um tradutor iraquiano também morreu no ataque, disseram funcionários do governo britânico.
Os três soldados britânicos faziam parte do regimento Black Watch, que foi transferido do relativamente tranqüilo sul do Iraque para a área perigosa ao sul de Bagdá, a pedido dos EUA, para que tropas americanas pudessem participar de uma ofensiva contra Fallujah e outros bolsões de rebeldes ao norte e oeste da capital.
O ataque suicida fez subir o total de militares britânicos mortos no Iraque para 73 e provocou a pior baixa em um único episódio desde agosto de 2003.
O ocorrido deve trazer problemas ao premiê britânico, Tony Blair, que aceitou o pedido de mobilização dos EUA apesar de considerável oposição interna.
O porta-voz do Partido Nacionalista Escocês, Angus Robertson, disse que as mortes teriam "implicações profundas" para a opinião pública na Escócia, onde são recrutados os soldados do Black Watch.
Os EUA e o governo provisório iraquiano querem combater insurgentes em Fallujah e outros locais nas voláteis áreas sunitas do país antes das eleições nacionais marcadas para o fim de janeiro. Militares americanos planejam utilizar uma força mista americana e iraquiana para invadir Fallujah assim que o premiê interino Ayad Allawi der a ordem.
Rebeldes reagiram aos ataques dos EUA de ontem com ataques de morteiro e granada contra posições americanas na periferia da cidade, disseram moradores.
De acordo com testemunhas, o bombardeio americano ontem foi o mais pesado em várias semanas. O médico Ahmed Mohammed disse que cinco pessoas morreram, incluindo uma mulher e uma criança. Elas estavam em um carro atingido por uma bomba.
Alto-falantes em mesquitas de Fallujah começaram a repetir "Allahu akbar" (Deus é grande), quando os ataques aéreos dos EUA atingiram a cidade.
Rebeldes enviaram à agência Reuters um vídeo em que mostravam quatro jordanianos seqüestrados e ameaçavam retaliar qualquer ataque americano no país.

"Riscos extremos"
O grupo humanitário Médicos sem Fronteiras (MSF) declarou ontem que estava paralisando suas atividades no Iraque por causa dos "riscos extremos" que seus funcionários têm corrido no país.
"Tornou-se impossível para a MSF garantir um nível aceitável de segurança para nossos funcionários, sejam eles estrangeiros ou iraquianos", disse Gorik Ooms, diretor-geral do grupo.
A MSF trabalhava no Iraque desde dezembro de 2002 e tinha cerca de 90 funcionários no país.
Marc Joolen, o diretor operacional da MSF para o Iraque, disse que está se tornando "cada vez mais difícil operar como uma ONG internacional em uma situação dominada pela "guerra ao terror'". A MSF já havia se retirado do Afeganistão.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Parabéns da China
Próximo Texto: Grupo denuncia roubo de provas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.