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ELEIÇÕES NOS EUA / VIZINHOS
Democrata ou republicano, Congresso ignora Brasil
Prioridade será investigar Bush e Iraque; América Latina seguirá em segundo plano
Com atenção voltada para a guerra ao terror, interesse na região deve se manter restrito ao México, a Cuba, à Venezuela e à Colômbia
Ricardo Stuckert-17.jul.2005/Efe
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Lula cumprimenta Bush durante cúpula do G8 em San Petersburgo: sem aproximação até 2008 |
DE WASHINGTON
Se os democratas ganharem
o Congresso na eleição desta
terça-feira, uma das prioridades não será o Brasil -nem a
América Latina. Se os republicanos mantiverem o controle,
uma das prioridades continuará não sendo o Brasil -nem a
América Latina. O desprezo pela região no Legislativo norte-americano é um ponto de união
entre os dois partidos.
Levem uma ou duas das Casas legislativas, os democratas
passarão os próximos dois anos
investigando cada passo dado
por George W. Bush em sua
guerra contra o terrorismo, especialmente o episódio iraquiano. Contratos serão revistos, comissões serão criadas, e a
Casa Branca poderá ficar parcialmente paralisada.
Nesse sentido, o Brasil só ganhará importância se um dia
for comprovado que há realmente atividade terrorista na
zona da Tríplice Fronteira, com
o Paraguai e a Argentina -o
que parece pouco provável que
aconteça.
Caso contrário, o interesse
do Congresso dos EUA na América Latina continuará restrito
ao México, pela proximidade, a
Cuba e à Venezuela, pela posição ideológica, e à Colômbia,
por causa da manutenção do
plano antidrogas. A Colômbia é
o país que mais recebe verbas
americanas na região.
Não que o Brasil não seja importante, segundo Joel Velasco, vice-presidente da empresa
de consultoria norte-americana Stonebridge International.
"É que o país não chegará ao
nível de prioridades de assuntos como o Iraque e o Orçamento, que um Congresso democrata terá", disse à Folha.
"Os problemas da política externa continuarão sendo a
guerra contra o terrorismo, só
que com visão diferente."
Sem prejuízo
Ainda assim, segundo Velasco, pode ser uma boa oportunidade para que se desfaça a impressão no país de que um Legislativo democrata é sinônimo
de prejuízo para o Brasil.
"Duas das grandes questões
do partido em relação aos outros países são o respeito às leis
trabalhistas e às questões do
ambiente", contabiliza ele. "Em
ambos os assuntos, o Brasil não
tem nada a dever."
"Paradoxalmente, eu acho
que muda, sim, mas para pior,
pois o grau de paralisação do
governo norte-americano vai
aumentar", disse à Folha Ricardo Amorim, economista para a América Latina do banco
de investimentos WestLB.
"Se a Casa Branca já não tem
conseguido fazer nada em relação ao Brasil hoje em dia, seja
política, seja economicamente,
com o domínio democrata essa
paralisia tende a aumentar",
pondera Amorim.
O economista chama a atenção para outro risco: um país
dividido por um embate entre
seu Executivo e seu Legislativo
pode levar não só a uma crise
política como a um pior desempenho econômico. "Isso teria
um impacto negativo no mundo inteiro, inclusive no Brasil."
(SÉRGIO DÁVILA)
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