São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Brasil insiste em que só reconhece eleição com Zelaya no poder

Posição é contrária à dos EUA, para quem restituição é só "possibilidade" e pacto já basta para validar pleito DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Apesar do acordo assinado na sexta-feira, o Brasil mantém a posição de que não reconhecerá as eleições nacionais do dia 29 em Honduras caso Manuel Zelaya não seja restituído antes à Presidência do país.
"O governo brasileiro não reconhecerá o resultado das urnas caso o presidente Zelaya não tenha sido previamente reconduzido para as funções às quais ele foi eleito", disse ontem à Folha o embaixador do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), Ruy Casaes, repetindo a posição expressada pouco antes, durante reunião do Conselho Permanente do organismo.
Além de Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua reiteraram ontem na OEA que não reconhecerão as eleições sem Zelaya na Presidência.
Casaes, em consonância com o discurso do próprio Zelaya, acusou o governo interino de usar "táticas dilatórias" e "de agir, como sempre agiu, de má-fé", em alusão ao atraso da votação sobre a restituição do líder deposto no Congresso, cuja direção é controlada por aliados de Roberto Micheletti.
Casaes diz que, no entendimento brasileiro, o acordo da semana passada é um tipo de saída honrosa para o governo Micheletti, formado em 28 de junho, após Zelaya ter sido deposto e expulso de Honduras.
O embaixador afirma que a posição brasileira em Honduras continuará alinhada às resoluções da ONU e da OEA, que reconhecem Zelaya como o presidente legítimo.
Por outro lado, Casaes fez a ressalva de que a posição brasileira seria reavaliada caso haja um acordo entre as partes que exclua a volta de Zelaya.
A posição brasileira diverge da do governo americano, que considera o acordo assinado na semana passada suficiente para reconhecer as eleições. Na segunda, Washington voltou a reabrir seu serviço consular no país, revertendo uma das sanções contra o governo interino.
Em entrevista à CNN, o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Thomas Shannon, disse que, pelo acordo, a restituição de Zelaya é só uma "possibilidade" e anunciou que os EUA apoiarão a realização das eleições.
As declarações de Shannon fizeram com que Zelaya enviasse uma carta na madrugada de ontem à secretária de Estado, Hillary Clinton, questionando se "a posição de seu país foi modificada com respeito à condenação ao golpe".
A fala de Shannon foi recebida como um duro golpe por Zelaya, que tem apostado o seu regresso na pressão americana sobre o governo interino.
Pelo acordo de sexta, Micheletti e Zelaya se comprometem a apoiar as eleições do dia 29, que escolherão presidente, Legislativo e autoridades regionais. O texto também condiciona a volta do presidente deposto à aprovação pelo Congresso.
Zelaya, porém, tem dito que não reconhecerá a eleição "se for realizada sob um regime de ditadura militar", conforme escreveu na carta a Hillary. (FM)


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