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ANÁLISE
Independentes terminam como grandes vitoriosos
DE WASHINGTON
Nem republicanos, nem democratas. Os grandes vitoriosos das eleições de ontem nos
EUA foram os independentes,
grupo de eleitores no centro do
espectro político que não se
identificam totalmente com
nenhum dos dois partidos e que
variam de lado ao sabor do momento político. Ontem, eles viraram o jogo em Nova Jersey e
asseguraram o resultado previsto na Virgínia, destronando
o partido de Barack Obama e
premiando a oposição.
Segundo as pesquisas de opinião pública, o grupo foi o que
mais rápido desembarcou do
trem obamista, em velocidade
que só faz crescer desde a posse
do democrata. De acordo com
os primeiros levantamentos de
ontem, também, esse eleitor
escolheu os candidatos republicanos por estar descontente
com o aumento do papel do Estado na economia, iniciado no
fim do segundo mandato de
George W. Bush (2001-2009),
mas consolidado sob Obama, e
com as propostas ousadas do
último para reforma do sistema
de saúde pública, mercado financeiro e leis ambientais.
Nesse sentido, as votações de
ontem podem ter certo caráter
plebiscitário em relação ao primeiro ano de Obama, embora a
corrida governamental da Virgínia seja conhecida por não
apresentar um padrão histórico: em pleitos passados, o partido do presidente da ocasião
tanto já ganhou como perdeu
ali, em primeiro e em segundo
mandato; e o partido vencedor
da eleição tanto ganhou como
perdeu cadeiras no Congresso
no ano seguinte, num vaivém
que confunde analistas.
Mas esse mesmo grupo de independentes mandou outra
mensagem, tão importante
quanto a primeira e que deixa a
vitória com gosto agridoce na
boca dos republicanos: os candidatos da oposição escolhidos
por eles são conservadores moderados, que fizeram suas campanhas baseados em propostas
de criação de empregos e ajuda
a pequenos negócios.
Não são de maneira nenhuma representativos dos ultraconservadores que hoje são o
rosto mais visível e barulhento
do Partido Republicano, grupo
que tem seu comando na tríade
formada pela ex-governadora
do Alasca e ex-candidata a vice-presidente Sarah Palin e os
apresentadores Rush Limbaugh (rádio) e Glenn Beck
(Fox News). A retórica beligerante dessa facção, que no último verão americano promoveu
as chamadas "tea parties" (festas do chá) e levou gente às ruas
com cartazes comparando
Obama a Hitler e chamando o
presidente de socialista, não reverberou nas urnas.
Um exemplo disso foi a corrida pelo 23º distrito de Nova
York, no norte do Estado, uma
vaga aberta no Congresso pelo
convite de Barack Obama para
que o republicano moderado
John McHugh fosse seu secretário do Exército. O partido de
oposição indicou uma moderada como ele para a disputa, o
que irritou a ala liderada por
Palin e companhia.
Esses despejaram dinheiro
na campanha do independente
ultraconservador Dough Hoffman e disseram que fariam daquele pleito um exemplo para
os republicanos do resto do
país, que segundo eles deveriam abraçar seus valores mais
tradicionais para se diferenciar
dos democratas.
Abertas as urnas, o ultraconservador perdeu a corrida para
o democrata moderado Bill
Owens. É a primeira vez que o
partido ganha naquele distrito
em mais de um século. É também o primeiro olho roxo no
rosto de Sarah Palin desde a
derrota para Obama nas eleições de 2008.
(SD)
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