São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Independentes terminam como grandes vitoriosos

DE WASHINGTON

Nem republicanos, nem democratas. Os grandes vitoriosos das eleições de ontem nos EUA foram os independentes, grupo de eleitores no centro do espectro político que não se identificam totalmente com nenhum dos dois partidos e que variam de lado ao sabor do momento político. Ontem, eles viraram o jogo em Nova Jersey e asseguraram o resultado previsto na Virgínia, destronando o partido de Barack Obama e premiando a oposição.
Segundo as pesquisas de opinião pública, o grupo foi o que mais rápido desembarcou do trem obamista, em velocidade que só faz crescer desde a posse do democrata. De acordo com os primeiros levantamentos de ontem, também, esse eleitor escolheu os candidatos republicanos por estar descontente com o aumento do papel do Estado na economia, iniciado no fim do segundo mandato de George W. Bush (2001-2009), mas consolidado sob Obama, e com as propostas ousadas do último para reforma do sistema de saúde pública, mercado financeiro e leis ambientais.
Nesse sentido, as votações de ontem podem ter certo caráter plebiscitário em relação ao primeiro ano de Obama, embora a corrida governamental da Virgínia seja conhecida por não apresentar um padrão histórico: em pleitos passados, o partido do presidente da ocasião tanto já ganhou como perdeu ali, em primeiro e em segundo mandato; e o partido vencedor da eleição tanto ganhou como perdeu cadeiras no Congresso no ano seguinte, num vaivém que confunde analistas.
Mas esse mesmo grupo de independentes mandou outra mensagem, tão importante quanto a primeira e que deixa a vitória com gosto agridoce na boca dos republicanos: os candidatos da oposição escolhidos por eles são conservadores moderados, que fizeram suas campanhas baseados em propostas de criação de empregos e ajuda a pequenos negócios.
Não são de maneira nenhuma representativos dos ultraconservadores que hoje são o rosto mais visível e barulhento do Partido Republicano, grupo que tem seu comando na tríade formada pela ex-governadora do Alasca e ex-candidata a vice-presidente Sarah Palin e os apresentadores Rush Limbaugh (rádio) e Glenn Beck (Fox News). A retórica beligerante dessa facção, que no último verão americano promoveu as chamadas "tea parties" (festas do chá) e levou gente às ruas com cartazes comparando Obama a Hitler e chamando o presidente de socialista, não reverberou nas urnas.
Um exemplo disso foi a corrida pelo 23º distrito de Nova York, no norte do Estado, uma vaga aberta no Congresso pelo convite de Barack Obama para que o republicano moderado John McHugh fosse seu secretário do Exército. O partido de oposição indicou uma moderada como ele para a disputa, o que irritou a ala liderada por Palin e companhia.
Esses despejaram dinheiro na campanha do independente ultraconservador Dough Hoffman e disseram que fariam daquele pleito um exemplo para os republicanos do resto do país, que segundo eles deveriam abraçar seus valores mais tradicionais para se diferenciar dos democratas.
Abertas as urnas, o ultraconservador perdeu a corrida para o democrata moderado Bill Owens. É a primeira vez que o partido ganha naquele distrito em mais de um século. É também o primeiro olho roxo no rosto de Sarah Palin desde a derrota para Obama nas eleições de 2008. (SD)


Texto Anterior: Por margem estreita, Bloomberg consegue o 3º mandato em NY
Próximo Texto: Opositores voltam a protestar no Irã
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.